Brasil pode registrar quase 8 mil casos anuais de câncer infantil até 2025, aponta Inca

Estimativas do Instituto Nacional do Câncer destacam aumento nos diagnósticos e nos tratamentos oferecidos pelo SUS.

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O Brasil poderá concluir o período de 2023 a 2025 com cerca de 7.930 casos de câncer por ano em crianças e adolescentes de até 19 anos, conforme estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os dados, que representam um risco estimado de 134,81 casos por milhão de crianças e adolescentes, foram divulgados em meio às ações de conscientização do Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, celebrado neste sábado (23). O Ministério da Saúde informou que, desse total, aproximadamente 4.230 casos devem ocorrer em meninos e 3.700 em meninas. O câncer pediátrico corresponde a cerca de 3% do total de diagnósticos de câncer, abrangendo todas as idades.

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A data de conscientização, instituída em 2008, visa promover ações educativas, debates sobre políticas públicas de apoio aos pacientes e suas famílias, além de impulsionar campanhas preventivas. Segundo o Ministério da Saúde, o número de procedimentos para câncer infantil realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) vem crescendo anualmente. Em 2021, foram registradas 10.108 cirurgias, aumentando para 10.526 em 2023. Já os tratamentos de quimioterapia tiveram uma variação de 16.059 em 2021 para 17.025 em 2023.

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Para a médica Arissa Ikeda Suzuki, oncologista pediátrica do Inca, a elevação dos diagnósticos pode ser associada a um aumento na capacidade dos profissionais de saúde em identificar precocemente o câncer infantojuvenil. “Apesar do crescimento no número de casos, também houve uma melhora significativa na taxa de cura, com avanços nos diagnósticos e novos métodos de tratamento complementares à quimioterapia e à radioterapia, como a cirurgia e estudos moleculares”, afirmou.

O Inca trata entre 250 e 300 jovens anualmente, dos quais 16 a 20 necessitam de internação na unidade central do Rio de Janeiro. A internação é indicada para os casos mais graves ou que requerem diagnóstico rápido. “Grande parte dos pacientes é acompanhada ambulatorialmente, sem necessidade de internação prolongada”, explicou Suzuki.

Apoio Integral e Rede de Suporte

Durante o período de internação, o Inca oferece suporte familiar, com a presença de um assistente social para auxiliar nas demandas e garantir que as famílias tenham as condições necessárias para acompanhar o longo tratamento. “Essa rede de apoio é fundamental, pois trata-se de um processo que exige atenção constante e suporte familiar contínuo”, ressaltou a médica.

Incidência e Particularidades

O Inca aponta que os tipos mais comuns de câncer em crianças incluem leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas. Já entre adolescentes, linfomas de Hodgkin e carcinomas (especialmente de mama, tireoide e melanoma) são prevalentes. O câncer infantil possui particularidades, como menor tempo de latência e crescimento mais rápido, o que geralmente torna os tumores mais responsivos ao tratamento com quimioterapia.

Os sintomas iniciais, contudo, são inespecíficos e podem dificultar o diagnóstico precoce. Segundo Suzuki, é essencial que os profissionais de saúde estejam atentos a sinais como anemia, prostração e hematomas (característicos das leucemias), ou nódulos na região do pescoço e inguinal (comuns nos linfomas). Nos casos de tumores no sistema nervoso central, sintomas como dores de cabeça e vômitos são frequentes.

O câncer pediátrico representa a principal causa de óbitos por doença em crianças e adolescentes entre 1 e 19 anos. Entretanto, a taxa de cura no Brasil é de aproximadamente 80%, e pode chegar a 85% em países desenvolvidos. “A tecnologia tem sido uma das principais aliadas, ajudando a melhorar a sobrevida dos pacientes. Porém, países em desenvolvimento ainda enfrentam desafios no diagnóstico precoce e suporte tecnológico”, destacou Suzuki.

Avanços no Diagnóstico e Capacitação Profissional

Nos últimos anos, a rede pública tem se aprimorado no treinamento de profissionais de saúde para identificar sinais precoces de câncer infantil. “A capacitação desses profissionais, que atuam nas emergências e clínicas de família, tem sido crucial para que eles saibam reconhecer os sintomas e encaminhar os pacientes aos centros de tratamento especializados”, observou Suzuki. A iniciativa se alinha a medidas de conscientização e campanhas que, além de informativas, ampliam o acesso ao tratamento e reforçam a importância da atenção integral à saúde infantil.

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