O Instituto Butantan, a Universidade de São Paulo (USP) e o Hemocentro de Ribeirão Preto têm desenvolvido um tratamento inovador para alguns tipos de câncer chamado de terapia celular CAR-T Cell. Essa terapia, já adotada nos Estados Unidos e em outros países como último recurso para linfomas e leucemias avançadas, tem apresentado bons resultados no Brasil. Agora, seu uso no Sistema Único de Saúde (SUS) está sendo estudado.
Nessa forma de tratamento, as células T do paciente, um tipo de célula do sistema imunológico, são modificadas em laboratório para reconhecer e atacar as células cancerígenas ou tumorais. O procedimento utiliza um receptor de antígeno quimérico (CAR, da sigla em inglês), que permite às células T combater efetivamente o câncer.
O tratamento tem se mostrado promissor, como no caso de um paciente com linfoma não-Hodgkin que obteve remissão completa um mês após a infusão das células modificadas. No entanto, a terapia ainda está em fase experimental no Brasil, sendo utilizada por decisão médica em casos de câncer avançado sem alternativas terapêuticas disponíveis.
O programa de tratamento teve início em 2019 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e, desde então, tem sido expandido. Atualmente, dois centros de saúde, um na capital paulista e outro em Ribeirão Preto, têm capacidade para tratar até 300 pacientes por ano com a terapia celular CAR-T.
Embora o tratamento esteja disponível para quem pode pagar, seu custo é alto, em torno de R$ 2 milhões. O desafio agora é tornar a terapia acessível em larga escala por meio do SUS, o que exigirá mais investimentos em pesquisa e ciência.
A terapia celular CAR-T tem mostrado resultados positivos no combate ao câncer, mas também pode causar reações adversas, como inflamações e problemas neurológicos. O monitoramento adequado e o apoio médico são essenciais durante o tratamento.
Enquanto a terapia celular CAR-T ainda está em fase de estudo e desenvolvimento no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está comprometida em avaliar novas terapias avançadas e apoiar ensaios clínicos e a produção dessas terapias no país. Um projeto piloto de cooperação técnica regulatória foi iniciado para impulsionar o desenvolvimento dessas terapias no contexto do SUS.
Embora ainda haja muito a ser feito, os resultados positivos alcançados até o momento mostram a promessa da terapia celular CAR-T no tratamento de câncer avançado e renovam a esperança para os pacientes que não têm outras opções terapêuticas disponíveis.