No Ceará, as notificações de dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, apresentaram uma redução significativa de 55,2% nos primeiros quatro meses de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar dessa queda, especialistas reforçam a necessidade de não descuidar da prevenção, já que a diminuição das chuvas pode favorecer a reprodução dos mosquitos.
Segundo a titular da Coordenadoria de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador (Covat), Roberta de Paula, a tendência é que as chuvas percam intensidade nos próximos meses, o que cria condições favoráveis para a proliferação dos vetores. Ela destaca a importância de eliminar reservatórios desprotegidos com água acumulada, pois esses locais se tornam pontos de reprodução dos mosquitos.
Medidas simples, como a limpeza de quintais e a vedação adequada de caixas d’água, são fundamentais para evitar a proliferação do Aedes aegypti. É importante ressaltar que até mesmo recipientes pequenos, como tampas de garrafas, folhas e sacolas plásticas, podem acumular água suficiente para se tornarem criadouros do mosquito. A atenção deve ser redobrada, especialmente a partir de maio, quando as chuvas começam a diminuir.
De acordo com os dados do boletim epidemiológico mais recente, no período de 1º de janeiro a 14 de abril de 2023, foram notificadas 14.136 suspeitas de arboviroses no Ceará. Dentre esses casos, 22% foram confirmados, totalizando 3.110 confirmações. A dengue representou 85,3% das ocorrências confirmadas, enquanto a chikungunya representou 14%. Nenhum caso de zika foi confirmado nesse período. Além disso, foi registrado um óbito por dengue, e outros sete casos estão em investigação.
Em relação à chikungunya, foram confirmados 457 casos, e 1.358 foram descartados. Houve uma redução no número de confirmações em comparação a 2022, que registrou 5.260 casos. Quanto aos óbitos suspeitos de chikungunya, 11 foram descartados, e um permanece em investigação no município de Fortaleza. Foram registrados ainda 53 casos suspeitos de zika, sendo que 69,3% deles foram descartados, e os demais estão em avaliação.
Os sintomas das arboviroses são inespecíficos e podem incluir febre, dor de cabeça na região dos olhos, dor no corpo e nas articulações, inchaço e manchas avermelhadas na pele, podendo apresentar coceira. A dengue pode ter sintomas mais graves, como sangramentos, diminuição da produção de urina, alteração de comportamento, dor abdominal e vômitos. A zika causa dor e edema nas articulações, além de manchas vermelhas no corpo, associadas à febre. Já a chikungunya é caracterizada por intensa dor articular, que pode durar meses e evoluir para um quadro de artrite, além de apresentar possíveis complicações neurológicas.
Diante da similaridade de alguns sintomas, é comum que a população tenha dificuldade em buscar atendimento adequado. A infectologista Lorena Mendes, do Hospital São José (HSJ), orienta que os pacientes procurem ajuda inicialmente nos postos de saúde e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Lorena Mendes destaca a importância de procurar atendimento médico na assistência primária para pacientes com suspeita de arboviroses. A partir da avaliação médica, será determinado o acompanhamento adequado para cada caso.
Embora o Ceará tenha registrado uma redução nas notificações de arboviroses no início de 2023, é fundamental que a população esteja atenta e adote medidas preventivas para evitar a propagação dessas doenças. A prevenção continua sendo a melhor forma de combater o mosquito transmissor e garantir a saúde e o bem-estar de todos.