Por meio do XII Edital de Incentivo às Artes, promovido pela Secretaria de Cultura do Ceará, no dia 24 de abril, às 19h, no Galpão da Cena , em Itapipoca, ocorre a apresentação do espetáculo “Frutacor”. A entrada é gratuita, possui intérpretes de LIBRAS e classificação indicativa de 10 anos.
O Ceará se destaca negativamente no ranking de estados com mais registros de denúncias de violência contra o público feminino. Pelo menos três mulheres por semana foram vítimas das mais variadas formas de violência no Ceará em 2022, conforme estudo da Rede de Observatórios da Segurança, lançado no dia 6 de março de 2023. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos divulgou painel com dados consolidados de 2020 extraídos da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. O levantamento indica que o Ceará é o 7º colocado com mais denúncias de violência contra a mulher. A partir desses dados que comprovam a violência sistemática sobre os corpos das mulheres no estado, é possível compreender a importância da circulação de uma espetáculo que traz reflexões acerca desse tema.
A obra “Frutacor” assume a objetificação e a violência, feita pela sociedade, sobre os corpos das mulheres, e o utiliza como ponto de partida para uma investigação sobre a correlação da estética do corpo feminino e as frutas, como bem aconteceu com as chamadas “mulheres-frutas”, que dominaram a mídia no final dos anos 2000. Nessa perspectiva, o espetáculo absorve o discurso que viola e oprime a estética feminina e o rebate com sarcasmo, ironia e tensões, propondo-se assim a ser um veículo educativo de temáticas feministas.
“Essa obra que fala sobre a objetificação do corpo feminino e quando eu me refiro ao corpo feminino, não me refiro apenas ao corpo da mulher cis, mas me refiro ao corpo da travesti, da mulher trans, da mulher negra, da mulher indígena, da mulher operária, da mulher dona-de-casa, que todo dia é objetificado, dentro das mídias, dentro das universidades, nas ruas. Esse corpo que é sujeito ao abate a qualquer momento, sujeito a morte por feminicídio, por transfeminicídio.” explica a artista e criadora do espetáculo, Rafaela Lima.
O espetáculo já foi apresentado na CUIA: Mostra de Artes Cênicas (Fortaleza), Mostra Intenções (Itapipoca), Mostra Inquieta (Sobral), Caldeirão das danças (Crato), Domingo no parque (Sobral), Abril se dança (Sobral), Arte caseira (Itapipoca) e recentemente, através desta mesma circulação realizada por meio do XII Edital de Incentivo às Artes, fez apresentações em Iguatu e Juazeiro do Norte.
Oficina “Corporeidades femininas: da tensão à moviment-ação”
Além da apresentação do espetáculo, no dia 25 de abril, às 15h, no Centro de Referência a Mulher de Itapipoca (CRAM), também será promovida a oficina “Corporeidades femininas: da tensão à moviment-ação”. A oficina consiste em partilhar proposições criativas para a cena geradas dentro do processo da obra com o público feminino, comunidade LGBTQIAP+, grupos artísticos de dança e teatro, coletivos de mulheres, educadores sociais, arte-educadores, instituições políticas sociais e movimentos sociais. São disponibilizadas 25 vagas, que serão preenchidas por ordem de chegada. A ação atenderá a faixa etária a partir de 19 anos.
Sobre Rafaela Lima
Rafaela Lima é dançarina, performer, professora de dança, artista audiovisual, pedagoga pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e especialista em Gestão Cultural pela Universidade Vale do Acaraú (UVA). É dançarina na Cia. Balé Baião de Itapipoca e artista docente de Dança na Escola Livre Balé Baião de Itapipoca (escolas da cultura do Estado do Ceará).
SERVIÇO:
Espetáculo Frutacor
24 de abril, às 19h, no Galpão da cena (Rua Raimundo Lopes Souza, 331 – Violete, Itapipoca – CE)
Oficina “Corporeidades femininas: da tensão à moviment-ação”
25 de abril, às 15h, no Centro de Referência a Mulher de Itapipoca (Av. Anastácio Braga, 2098 – Fazendinha, Itapipoca – CE)
Entrada gratuita
Classificação Indicativa do espetáculo: 10 anos
Classificação Indicativa da oficina: 19 anos
Instagram: @rafaelalimadanca