Diante da pandemia de Covid-19, o povo Tremembé da Barra do Mundaú, em Itapipoca, decidiu implantar uma barreira sanitária impedindo a entrada de visitantes na aldeia. A contenção passará a valer a partir de sexta-feira (1º), com monitoramento sendo realizado dia e noite, segundo nota divulgada pela organização da comunidade na noite de quinta-feira (30).
Segundo boletim da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), divulgado às 17h da quinta, o Ceará é o estado brasileiro com mais casos suspeitos da doença em indígenas. São nove suspeitos, dois confirmados, 13 descartados e uma cura clínica, registrada em uma indígena do município de Crateús.
“O Povo Tremembé da Barra do Mundaú, preocupado em proteger o território desta pandemia, decide implantar uma barreira sanitária com monitoramento 24 horas. Pedimos, com muita humildade, que respeitem as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde)”, diz a nota.
O líder indígena Mateus Tremembé avalia que a medida é necessária devido ao aumento de casos confirmados de Covid-19 em Itapipoca. Até a quinta-feira, segundo dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o município somava 56 casos da doença e um óbito.
“A chegada do coronavírus na região gerou grandes preocupações em nossas aldeias, então foi decidido com unanimidade a criação de barreiras sanitária buscando evitar a entrada de estranhos ou de pessoas infectadas”, diz.
Conforme nota divulgada pela organização, o indígena que precisar sair da aldeia deve usar máscara. “Não está autorizada a entrada de nenhum visitante que não seja domiciliado neste território e que não esteja a serviço dentro dos serviços essenciais, conforme decreto do Governo do Estado. Precisamos proteger a vida dos nossos parentes!”, pontua o comunicado. “Vamos acreditar que tudo isso vai passar e logo iremos poder nos encontrar de novo”.
Vulnerabilidade
Povos indígenas são mais vulneráveis à Covid-19, conforme o Ministério da Saúde, e enfrentam dificuldades estruturais no combate à pandemia no Ceará. No dia 14 de abril, o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou que o município de Itapipoca adotasse um plano de contingência para proteger as comunidades indígenas residentes no território municipal do litoral oeste do estado. O órgão pediu, ainda, a aplicação das vacinas obrigatórias em todos os integrantes das comunidades.
Ao todo, o Brasil possui 105 casos confirmado da doença, 39 suspeitos, 210 descartados, 63 curas clínicas e 6 mortes, segundo o boletim da Sesai.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou, no início de abril, que “suspendeu a concessão de novas autorizações de entrada nas Terras Indígenas e segue o monitoramento das aldeias no Brasil, em parceria com a Sesai, por meio da rede de atuação de ambos os órgãos públicos indigenistas”. O órgão disse, ainda, que trabalha na orientação e difusão de informações junto às aldeias indígenas.
Fonte: G1