Um sertanejo nascido em Itapipoca, no interior do Ceará, resolveu lançar uma obra com relatos que vão de 1921 a 2001, uma trajetória de 80 anos de vida.
Dentre a sua caminhada, está o momento em que Antônio Simão do Nascimento, dentre outros feitos, “atendeu ao chamado da Pátria” em 1943, e vivenciou a experiência de seguir rumo à Segunda Guerra Mundial, na Itália. Ele é o protagonista da narrativa, contada, em parte, por ele mesmo e, em outra, pelos descendentes.
O livro “Memórias do meu passado”, lançado este mês em Fortaleza, traz narrativas simples de um anônimo cearense participante de um dos mais intensos conflitos da história da humanidade.
Escrita por ele mesmo, a obra foi repassada aos filhos e netos no ano de 2001, data em que foram comemorados os 80 anos do protagonista. Manuscritos feitos em um caderno e, posteriormente, digitalizados para chegar à família. Antônio Simão faleceu anos depois, em 2013.
Para homenageá-lo e, mais ainda, como forma de auxiliar o acesso da sociedade a este legado da história brasileira e da história local, da identidade sertaneja e da memória social, a família Nascimento transformou, em 2017, o conjunto de anotações em livro, publicado pelo Caravela Selo Cultural.
Incorporado ao relato principal da publicação, organizado de forma datada, há imagens do acervo particular referente à Segunda Guerra, construído também por Antônio Simão e guardado pela família.
A família possui um acervo pessoal de 149 fotos e alguns objetos como acessório de fardamentos, conservados ao longo dos anos.
O livro conta ainda com outros textos escritos pelos filhos José Clewton e Vânia Lúcia do Nascimento e pela neta Fabiana do Nascimento Pereira, que trabalham o conteúdo do livro do ponto de vista arquitetônico, histórico e social, campos de estudos dos referidos escritores.
A publicação dialoga com uma memória coletiva de um Brasil que participou da guerra, com o período do governo Vargas e a relação do governo brasileiro com a Europa, depois entra no período do desenvolvimentismo econômico, período em que seu Simão volta dos campos de batalha e torna-se funcionário dos escritórios de construção civil de estradas no interior do Ceará.
Tribuna do Ceará