O Talibã e seus apoiadores agitaram a bandeira branca e preta do grupo nas ruas do Afeganistão nesta segunda-feira (15), para comemorar um ano desde que marchou para a capital e tomou o poder, após uma série de vitórias no campo de batalha.
Nos 12 meses desde a retirada caótica das tropas dos Estados Unidos (EUA), alguns afegãos comemoram a melhoria da segurança, mas lutam contra a pobreza, a seca, a desnutrição e mantêm a esperança, cada vez menor entre as mulheres, de que terão papel decisivo no futuro do país.
Alguns homens atiraram para o alto em Cabul e centenas de pessoas, incluindo apoiadores, combatentes e líderes do Talibã, se reuniram na praça em frente à embaixada norte-americana para marcar a data. Eles seguravam faixas que incluíam o slogan “morte aos Estados Unidos”.
“Este é o dia da vitória da verdade sobre a falsidade e o dia da salvação e liberdade da nação afegã”, disse o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, em nota.
Em cerimônia com representantes do governo, o ministro das Relações Exteriores em exercício, Amir Khan Muttaqi, afirmou que o Talibã trouxe segurança onde os EUA falharam, e que o grupo deseja manter relacionamento positivo com o mundo.
“Queremos um bom relacionamento com todos os países, não deixaremos o território do Afeganistão ser usado contra ninguém”, disse ele, acrescentando que querem enfrentar os desafios em curso no país.
O país está fisicamente mais seguro do que quando o movimento islâmico linha-dura lutava contra as forças estrangeiras lideradas pelos EUA e aliados afegãos, embora uma ramificação local do Estado Islâmico tenha feito vários ataques.
Essa segurança relativa, no entanto, não pode mascarar a escala do desafio que o Talibã enfrenta para colocar o Afeganistão em caminho de crescimento econômico e estabilidade. Há enormes pressões sobre a economia, causadas em grande parte pelo isolamento do país, já que governos estrangeiros se recusam a reconhecer seus governantes.
A ajuda ao desenvolvimento, da qual o país dependia muito, foi reduzida. A comunidade internacional exige que o Talibã respeite os direitos dos afegãos, particularmente meninas e mulheres, cujo acesso ao trabalho e à educação foi restringido.
O Talibã pede que US$ 9 bilhões em reservas do banco central mantidos no exterior sejam devolvidos, mas as negociações com os Estados Unidos enfrentam obstáculos, incluindo as exigências de que um líder do Talibã, sujeito a sanções, renuncie de sua posição de segundo no comando do banco.
O Talibã se recusa a ceder a essas exigências, dizendo que respeita todos os direitos dos afegãos dentro da estrutura da interpretação da lei islâmica.
Até que haja grande mudança nas posições de ambos os lados, não há solução imediata à vista para a espiral de preços, o aumento do desemprego e da fome que devem piorar com a chegada do inverno.
“Estamos todos caminhando para a escuridão e o infortúnio”, disse Amena Arezo, médica da província de Ghazni, no Sudeste do país. “As pessoas não têm futuro, especialmente as mulheres.”
Com informações da Agência Brasil