Milhares de prisioneiros estão sendo libertados das prisões sírias após forças rebeldes tomarem controle de diversas cidades no último fim de semana, incluindo a capital, Damasco. A ofensiva, que forçou a fuga do presidente Bashar al-Assad, encerra mais de cinco décadas de governo da família Assad e marca uma virada histórica na guerra civil que já dura 14 anos.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram prisioneiros deixando os complexos penitenciários, muitos deles atônitos e questionando os motivos de sua libertação. Em algumas cenas emocionantes, famílias reencontram entes queridos que não viam há anos, enquanto outros demonstram choque ao descobrir que Bashar al-Assad havia assumido o poder em 2000, sucedendo seu pai, Hafez al-Assad.
Relatos de celas subterrâneas e sobreviventes
A organização humanitária Capacetes Brancos mobilizou equipes especializadas para investigar relatos de celas subterrâneas escondidas na prisão de Saydnaya, famosa por abusos sistemáticos e por abrigar um crematório utilizado para incinerar corpos de prisioneiros. Sobreviventes mencionaram condições desumanas, com falta de ventilação e detentos em risco iminente de asfixia.
Veja também
“Estamos explorando locais indicados por prisioneiros para localizar outros detentos que ainda possam estar vivos”, declarou o grupo em nota divulgada na rede social X. Equipes de resgate, com ferramentas avançadas e unidades caninas, foram enviadas à prisão para abrir portas de aço e arrombar paredes que ocultavam celas.
Enquanto isso, autoridades locais, agora sob controle rebelde, apelaram aos ex-funcionários do regime de Assad para fornecerem códigos que desbloqueiem as celas eletrônicas ainda inacessíveis. Estima-se que mais de 100 mil prisioneiros já tenham sido libertados desde o início das operações.
“Damasco é livre”
No sábado (7), rebeldes sírios proclamaram a libertação de Damasco após uma ofensiva relâmpago que começou em 27 de novembro. “O tirano Bashar al-Assad fugiu. Proclamamos a cidade de Damasco livre”, anunciou a coligação rebelde em mensagens nas redes sociais. Eles destacaram que a queda do regime abre espaço para uma nova era de liberdade após anos de repressão, deslocamentos forçados e violações de direitos humanos.
A captura de Damasco e outras cidades ocorreu com pouca resistência do Exército sírio, que já enfrentava dificuldades devido à longa guerra. O futuro político da Síria, no entanto, permanece incerto, com potências ocidentais reagindo com cautela ao mesmo tempo em que celebram o fim do regime Assad. Por outro lado, aliados do antigo governo, como Rússia e Irã, lamentaram o colapso do regime.