Venezuela critica Brasil por veto ao ingresso no Brics; Itamaraty esclarece critérios de adesão

A diplomacia venezuelana expressa indignação, enquanto o Brasil reafirma que a inclusão de novos membros depende de consenso e critérios específicos.

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O governo da Venezuela denunciou que o Brasil impediu a entrada do país caribenho no Brics, considerando o ato como uma “agressão” à Revolução Bolivariana. Em nota, o ministério das Relações Exteriores da Venezuela expressou indignação e vergonha pela atitude do Itamaraty, afirmando que essa postura perpetua as políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro contra a Venezuela.

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Na última semana, em Kazan, na Rússia, os dez países membros do Brics definiram critérios e princípios para a adesão de novos membros, mas a Venezuela não foi incluída na lista de países convidados para se tornarem membros associados. Na América Latina, apenas Cuba e Bolívia foram selecionadas, enquanto outras nações como Nigéria, Turquia, Malásia e Indonésia também atenderam aos critérios estabelecidos.

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Após a reeleição do presidente Nicolás Maduro em 28 de julho, o Brasil tem se distanciado diplomaticamente da Venezuela. A eleição foi contestada pela oposição e por organismos internacionais, incluindo o Brasil, devido à ausência de dados eleitorais detalhados. Maduro, que demonstrou interesse em integrar o Brics, participou da 16ª cúpula do bloco e se reuniu com o presidente russo Vladimir Putin.

Durante uma coletiva de imprensa, Putin afirmou respeitar a posição do Brasil em relação à eleição na Venezuela, embora não concordasse com ela. Ele expressou esperança de que os dois países pudessem resolver suas relações bilaterais de maneira construtiva e elogiou o presidente Lula, destacando sua integridade.

O Itamaraty, por sua vez, esclareceu que a decisão não foi um veto específico à Venezuela, mas sim a definição de critérios que orientam a inclusão de novos membros no Brics. Segundo o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, entre os critérios estão a defesa da reforma da ONU, a rejeição de sanções econômicas unilaterais e a manutenção de relações amistosas com todos os membros do bloco.

A professora Maria Elena Rodríguez, coordenadora do grupo de pesquisa sobre Brics da PUC do Rio de Janeiro, avaliou que a postura do Brasil é coerente, considerando que as relações entre Brasil e Venezuela não são amigáveis no momento. “Não temos uma relação amigável com a Venezuela neste momento. Não temos uma relação amigável com a Nicarágua, que é outro país que havia manifestado interesse em entrar no Brics. Esse é um ponto fundamental. Você não pode ter no bloco dois países com os quais você não tem uma boa relação”, destacou.

As tensões diplomáticas entre Brasil e Nicarágua também se intensificaram, resultando na expulsão de embaixadores após desentendimentos entre os governos. A tentativa do Brasil de intermediar a libertação de um bispo preso na Nicarágua, a pedido do Papa Francisco, não agradou ao governo de Daniel Ortega, evidenciando as dificuldades nas relações na região.

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