Rússia anuncia planos para remover Talibã de lista de organizações terroristas

Decisão marca passo significativo na normalização das relações entre Moscou e o Afeganistão, apesar de obstáculos legais e resistência internacional.

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O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou, na última sexta-feira (04), que a decisão de retirar o Talibã de sua lista de organizações terroristas foi “tomada no mais alto nível”. A declaração, divulgada pela agência de notícias estatal TASS, aponta para uma mudança significativa na política externa russa em relação ao Afeganistão.

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De acordo com Zamir Kabulov, representante especial do presidente Vladimir Putin para o Afeganistão, a decisão ainda precisa passar por uma série de procedimentos legais antes de ser formalizada. O movimento, no entanto, reflete uma tentativa de Moscou de estabelecer laços mais estreitos com o grupo que assumiu o controle do Afeganistão em 2021, após a retirada das forças dos Estados Unidos.

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Em julho, o presidente Putin declarou que via o Talibã como um aliado na luta contra o terrorismo, sublinhando a importância de um “diálogo pragmático” com o governo afegão. Apesar dessa aproximação, o Talibã ainda é oficialmente proibido na Rússia, estando na lista de organizações terroristas desde 2003.

Embora nenhum país tenha reconhecido formalmente o Talibã como governo legítimo, China e Emirados Árabes Unidos já aceitaram embaixadores indicados pelo grupo. A Rússia, ao remover o Talibã dessa lista, daria um passo crucial para a normalização de suas relações com o Afeganistão.

Amir Khan Muttaqi, ministro das Relações Exteriores em exercício do Talibã, discursou em Moscou na semana passada, elogiando os avanços nas relações com países da região, como o Cazaquistão e o Quirguistão, que recentemente retiraram o Talibã de suas listas de grupos proibidos. “Apreciamos os comentários positivos dos altos funcionários russos e esperamos ver medidas mais eficazes em breve”, disse Muttaqi.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, também reforçou a necessidade de manter o diálogo com o atual governo afegão. Segundo ele, “é impossível resolver ou discutir qualquer acordo sobre o Afeganistão sem a participação de Cabul”. Ele destacou os esforços do Talibã no combate ao Daesh, que continua sendo uma ameaça na região.

Lavrov pediu, ainda, que os Estados Unidos devolvam os ativos confiscados ao Afeganistão e reconheçam sua responsabilidade na reconstrução pós-conflito do país. A Rússia, por sua vez, continuará fornecendo ajuda humanitária, incluindo alimentos e bens essenciais, para aliviar a crise no Afeganistão.

Com um passado marcado pela invasão soviética ao Afeganistão em 1979 e as pesadas baixas sofridas pelo exército soviético, a relação entre os dois países tem sido complexa. No entanto, a crescente ameaça de grupos militantes islâmicos, como o Daesh, e a instabilidade na região forçam a Rússia a buscar novos caminhos de cooperação com o governo do Talibã, que também enfrenta desafios para estabilizar o Afeganistão e combater o tráfico de drogas.

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