As preocupações com as mudanças climáticas atingem um novo patamar com o recente Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O documento destaca que as altas temperaturas, já alarmantes em diversas regiões do globo, podem atingir quase 3 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
De acordo com o relatório, as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5ºC estão se tornando cada vez mais difíceis de serem alcançadas. Para atingir esse objetivo, seria necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa em impressionantes 42% até 2030. No entanto, as emissões globais aumentaram 1,2% de 2021 a 2022, atingindo um recorde preocupante de 57,4 gigatoneladas de Dióxido de Carbono.
A ONU alerta que, até outubro de 2023, foram registrados 86 dias com temperaturas 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, sendo setembro o mês mais quente já registrado, com temperaturas médias globais 1,8°C superiores aos níveis pré-industriais.
Diante desse cenário, a organização conclui que uma “mitigação implacável e transformação de baixo carbono” são cruciais. A próxima Conferência das partes sobre Mudança Climática (COP28) em Dubai, no final do mês, torna-se uma oportunidade crucial para elevar a ambição e fortalecer as ações climáticas.
O relatório destaca que os compromissos atuais estão direcionando o mundo para um aumento de temperatura entre 2,5ºC a 2,9ºC acima dos níveis pré-industriais, indicando a necessidade urgente de ações climáticas mais robustas.
Entre as principais conclusões, está o apelo para eliminar quase totalmente a produção e uso de carvão até 2040, além de reduzir em pelo menos três quartos a produção e uso de petróleo e gás até 2050. O documento ressalta que o potencial fracasso dessas medidas exigirá uma eliminação global mais rápida de todos os combustíveis fósseis.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, destaca a urgência de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis e eliminar gradualmente os combustíveis fósseis. Ele enfatiza que a COP28 deve enviar um sinal claro para encerrar a era dos combustíveis fósseis.
O relatório também ressalta a importância da transparência, instando os governos a serem mais transparentes em relação aos planos e projeções relacionados à produção de combustíveis fósseis e ao alinhamento com metas climáticas nacionais e internacionais.
Além disso, o documento destaca a necessidade urgente de enfrentar as crescentes necessidades financeiras para adaptação às mudanças climáticas. O relatório aponta que os custos de adaptação nos países em desenvolvimento são 50% maiores do que as estimativas anteriores, e os fluxos financeiros necessários diminuíram 15%, atingindo US$ 21 bilhões em 2021, bem abaixo do necessário para garantir uma adaptação eficaz.