Nas últimas semanas, a região entre o Noroeste africano e as Ilhas Canárias tem sido palco de uma série de naufrágios envolvendo migrantes em busca de um futuro melhor na Europa. Nesta quinta-feira (22), as autoridades espanholas realizaram operações de resgate e salvaram pelo menos 227 pessoas em águas perigosas do Atlântico.
A Guarda Costeira espanhola informou que 46 homens, sete mulheres e um menor foram resgatados a leste da Costa Teguise, próxima às Ilhas Canárias. Mais tarde, no mesmo dia, outras 61 pessoas foram recolhidas e transferidas para o porto de Arguineguín, situado nas Ilhas Canárias, ao largo da costa marroquina.
No total, as autoridades espanholas confirmaram o resgate de 227 migrantes que viajavam em botes infláveis nas proximidades das ilhas Lanzarote e Gran Canaria. Essas operações ocorreram após relatos de naufrágios e desaparecimentos de embarcações nos dias anteriores.
Na quarta-feira (21), a Guarda Costeira já havia confirmado que mais de 30 pessoas estavam desaparecidas após o naufrágio de uma embarcação que partiu do Cabo Bojador com aproximadamente 60 pessoas a bordo. O barco foi localizado a 150 quilômetros ao sul das Canárias. O Centro de Coordenação de Salvamento de Rabat, no Marrocos, comunicou aos serviços de resgate marítimo espanhóis que o barco patrulha Al Mansour resgatou com vida 24 ocupantes dessa embarcação inflável, sendo que alguns deles estavam na água.
Infelizmente, as operações de resgate também tiveram suas tragédias. Durante as buscas, o helicóptero espanhol Helimer 201, que estava nas Ilhas Canárias, recuperou o corpo de um menor, o qual será transferido para a ilha de Gran Canaria.
Organizações não governamentais têm alertado para a crescente frequência de naufrágios envolvendo embarcações precárias e o aumento do número de migrantes que tentam chegar à Europa pelo mar nos últimos anos. Principalmente migrantes oriundos do continente africano, Oriente Médio e Sul da Ásia têm arriscado suas vidas nessas travessias perigosas.
O grupo ativista Alarm Phone, com membros na Europa e no Norte da África, confirmou na quarta-feira que pelo menos 35 pessoas ainda estavam desaparecidas no mar e criticou as autoridades por não agirem com maior rapidez. Em um tuíte, a organização questionou por que ninguém interveio antes e relatou que, das 59 pessoas que naufragaram, apenas 24 foram resgatadas pela Marinha marroquina.
Helena Maleno, do Caminando Fronteras, afirmou que 39 pessoas, incluindo quatro mulheres e um bebê, morreram no incidente.
Segundo relatos da Associated Press, após o pedido de socorro de uma das embarcações, um oficial espanhol informou que um avião foi enviado para verificar a situação e relatou que o barco não apresentava sinais de problemas. No entanto, a mesma embarcação acabou naufragando posteriormente, e um navio mercante marroquino resgatou 24 pessoas que estavam a bordo.
Diante dessas tragédias, Angel Victor Torres, governador da região das Ilhas Canárias, classificou o incidente como uma “tragédia” e pediu à União Europeia que estabeleça uma política migratória que ofereça respostas coordenadas e solidárias para lidar com a questão da migração.
O aumento do número de embarcações precárias com migrantes a bordo ao largo das Canárias tem sido atribuído pelas autoridades às “boas condições climáticas no mar”. Segundo dados do Ministério espanhol do Interior, entre janeiro e 15 de junho deste ano, um total de 5.914 migrantes chegaram às Canárias em busca de uma nova vida.