A taxa de desemprego no Brasil registrou uma queda significativa, atingindo seu menor nível desde o último trimestre de 2014, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (31). No terceiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego ficou em 7,7%, uma melhora notável em relação ao índice de 8% no segundo trimestre e 8,7% no terceiro trimestre do ano anterior, indicando uma recuperação consistente do mercado de trabalho.
A pesquisa, baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, também revelou que a população desempregada diminuiu para 8,3 milhões no terceiro trimestre de 2023, uma redução de 3,8% em relação ao trimestre anterior e uma queda notável de 12,1% em comparação com o terceiro trimestre de 2022.
Além disso, a população ocupada atingiu 99,8 milhões, representando um aumento de 0,9% em relação ao trimestre anterior e um crescimento de 0,6% em comparação com o terceiro trimestre do ano passado. Este é o maior contingente de trabalhadores desde o início da série histórica em 2012.
O nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas em relação à população em idade de trabalhar, foi estimado em 57,1%, apresentando um crescimento em relação ao segundo trimestre (56,6%) e permanecendo estável em relação ao terceiro trimestre de 2022.
A pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy, destacou que essa melhoria no mercado de trabalho resulta de uma combinação de mais pessoas empregadas e uma menor pressão por empregos, o que contribui para a queda na taxa de desocupação.
No que se refere à formalidade no mercado de trabalho, a pesquisa indicou que 39,1% da população ocupada é composta por trabalhadores informais, o que representa uma ligeira queda em relação ao trimestre anterior (39,2%) e ao terceiro trimestre do ano passado (39,4%). Por outro lado, o número de empregados com carteira de trabalho no setor privado atingiu 37,4 milhões no terceiro trimestre deste ano, representando um aumento de 1,6% no trimestre e 3% no ano, alcançando o maior contingente desde janeiro de 2015.
Os empregados sem carteira no setor privado (13,3 milhões) permaneceram estáveis tanto no trimestre quanto no ano. Adriana Beringuy explicou que, devido à queda na demanda por bens e serviços durante a pandemia, as atividades formais como indústria e serviços de alto valor agregado diminuíram a absorção de trabalhadores, mas à medida que a situação se normaliza, essas atividades têm uma maior demanda por mão de obra.
Os trabalhadores por conta própria mantiveram-se em 25,5 milhões de pessoas, com estabilidade em ambas as comparações. O segmento de trabalhadores domésticos também permaneceu estável, com 5,8 milhões de pessoas.
Em relação aos setores de atividade, houve um crescimento notável no pessoal ocupado nos segmentos de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com um aumento de 3,5% em comparação com o segundo trimestre deste ano. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, destacaram-se os setores de transporte, armazenagem e Correios (4,3%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (5,2%), e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,9%). Por outro lado, houve uma redução no pessoal ocupado nos setores de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-3,8%) e em outros serviços (-4,5%).
No que se refere aos rendimentos, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores atingiu R$ 2.982, um aumento de 1,7% no trimestre e 4,2% no ano, impulsionado principalmente pelo crescimento dos salários na indústria, que registrou um aumento de 5,3% no trimestre e 6,3% no ano. A massa de rendimento real habitual alcançou R$ 293 bilhões, estabelecendo um valor recorde na série histórica, com um aumento de 2,7% em relação ao segundo trimestre deste ano e de 5% em comparação com o terceiro trimestre de 2022.
A pesquisa também destacou a melhoria na situação da população subutilizada, que se refere àqueles que não trabalham ou trabalham menos do que poderiam. Este grupo atingiu 20,1 milhões de pessoas, mantendo-se estável na comparação trimestral, mas apresentando uma redução de 14% em relação ao terceiro trimestre de 2022. A taxa de subutilização ficou em 17,6%, mantendo-se estável em relação ao trimestre anterior, mas registrando uma redução em relação ao terceiro trimestre do ano passado (20,1%), atingindo o menor nível desde o último trimestre de 2015.
A população fora da força de trabalho permaneceu estável em 66,8 milhões em relação ao trimestre anterior e cresceu 3,2% em relação ao terceiro trimestre de 2022. A população desalentada, que representa aqueles que não procuraram emprego devido a falta de qualificação ou por não encontrar trabalho adequado, totalizou 3,5 milhões, registrando uma queda de 4,6% em relação ao trimestre anterior e de 17,7% na comparação com o terceiro trimestre de 2022, atingindo o menor contingente desde o terceiro trimestre de 2016.