Brasil busca expansão da energia eólica offshore para acelerar transição energética

Pesquisa da CNI aponta que o país tem potencial para aumentar em 3,6 vezes sua capacidade de geração de energia elétrica com usinas eólicas no mar. Setor promete impulsionar economia, exportações e transição para combustíveis renováveis.

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A paisagem costeira do Brasil pode em breve receber uma adição notável: usinas eólicas offshore, ou seja, aquelas instaladas no mar. Segundo um recente estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lançado durante o evento Diálogo Pré-COP 28, o Brasil tem um vasto potencial inexplorado para a geração de energia limpa a partir dos ventos do mar. A pesquisa, intitulada “Oportunidades e Desafios para Geração Eólica Offshore no Brasil e a Produção de Hidrogênio de Baixo Carbono”, revela que essa nova fronteira energética pode aumentar em 3,6 vezes a capacidade total de produção de energia elétrica do país.

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No cenário global, as usinas eólicas offshore têm se expandido rapidamente, com uma capacidade instalada de 55,9 gigawatt (GW) em 2021, concentrada principalmente na China e na Europa. A estimativa é que essa capacidade atinja 260 GW até 2030 e 316 GW até 2040, com investimentos estimados em até US$ 1 trilhão. O estudo da CNI aponta que o Brasil tem potencial para atingir 700 GW, um salto impressionante em relação aos 194 GW já instalados no Sistema Interligado Nacional.

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No entanto, o estudo não especifica um prazo para atingir essa capacidade, embora até o final de agosto de 2023, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenha registrado 78 pedidos de licenciamento para usinas eólicas offshore, totalizando uma capacidade de geração de 189 GW.

A inclusão dessa energia limpa na matriz energética brasileira desempenha um papel fundamental no cumprimento dos compromissos do Brasil no Acordo de Paris, que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O país se comprometeu a reduzir as emissões em 37% até 2025 e em 50% até 2030, com a meta adicional de alcançar emissões líquidas neutras até 2050. A energia eólica offshore é vista como um meio crucial para alcançar essas metas e manter a matriz energética do Brasil cada vez mais limpa e sustentável.

Além de atender às demandas internas de energia, a expansão das usinas eólicas offshore pode resultar em um excedente significativo de eletricidade, o que abre oportunidades para o Brasil exportar energia limpa e se posicionar na crescente economia do hidrogênio de baixo carbono, também conhecido como hidrogênio verde. Esse tipo de hidrogênio é produzido a partir de fontes renováveis, como a energia eólica, e pode ser usado em setores intensivos em consumo de energia, como o petroquímico, siderúrgico e de cimento, além de ter potencial para ser usado na indústria automobilística.

A proximidade das usinas eólicas offshore com portos, como o Porto do Pecém (São Gonçalo do Amarante-CE), oferece a oportunidade de exportar o hidrogênio verde para países do Hemisfério Norte, como a Europa, onde a demanda por energia limpa é alta.

No entanto, a implementação bem-sucedida de usinas eólicas offshore requer um ambiente regulatório favorável e licenciamento ambiental cuidadoso. Questões como migração de aves e a preservação da vida marinha precisam ser consideradas, assim como a coordenação com outras atividades no mar, como pesca e navegação. A CNI destaca a importância de um marco regulatório específico para as usinas eólicas offshore, que forneça segurança jurídica aos investidores.

A indústria de óleo e gás brasileira também pode desempenhar um papel significativo na expansão das usinas eólicas offshore, dada sua experiência em operações em águas profundas. A Petrobras, por exemplo, firmou uma parceria com a multinacional norueguesa Equinor para avaliar sete projetos de usinas eólicas offshore no Brasil, com potencial para gerar até 14,5 GW.

Com o potencial de transformar a paisagem energética brasileira e impulsionar a economia, as usinas eólicas offshore representam uma promissora fronteira na busca do Brasil por uma transição energética mais sustentável e limpa. A expansão desse setor pode não apenas atender às demandas internas de energia, mas também posicionar o Brasil como um competidor global na geração de energia limpa e renovável.

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