A taxa de desemprego no Brasil atingiu o menor índice para o trimestre encerrado em abril desde 2015, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador registrou 8,5%, uma queda de 2 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, quando ficou em 10,5%.
Além disso, esse é o segundo ano consecutivo em que a taxa de desemprego não cresce em relação ao trimestre encerrado em janeiro, contrariando a tendência sazonal. Em 2022, houve uma redução de 0,7%, enquanto neste ano a taxa se manteve estável.
Segundo a pesquisadora do IBGE Alessandra Brito, a estabilidade da taxa de desemprego no trimestre atual se deve à falta de aumento na procura por trabalho, que não acompanhou o esperado crescimento sazonal. Ela ressalta que a população desempregada se manteve estável, com cerca de 9,1 milhões de pessoas.
No entanto, a pesquisadora destaca que a população subutilizada, que inclui pessoas desocupadas ou que poderiam trabalhar mais do que trabalham, apresentou uma redução de 2,5% em relação ao trimestre anterior e uma queda significativa de 19,6% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Por outro lado, a população fora da força de trabalho, que engloba aqueles que não estão trabalhando nem procurando emprego, aumentou para 67,2 milhões de pessoas, com altas de 1,3% em relação ao trimestre anterior e 3,5% em relação ao ano anterior.
Alessandra ressalta que o aumento da população fora da força de trabalho não parece ser resultado do desânimo em relação ao mercado de trabalho, mas sim de outros fatores, como fontes alternativas de renda, busca por mais estudos e qualificação, entre outros. Segundo ela, os dados não conseguem fornecer respostas completas sobre essas questões mais conjunturais.
A pesquisadora também destaca que, ao longo de 2022, a taxa de desemprego no Brasil apresentou melhoras em relação aos anos de 2020 e 2021, quando a pandemia de COVID-19 impactou fortemente o mercado de trabalho. Nos últimos trimestres, a taxa tem se mantido estável em torno de 8%.
No que diz respeito à ocupação, o contingente de pessoas ocupadas no país ficou em 98 milhões, registrando uma queda de 0,6% em relação ao trimestre anterior, porém, apresentando um aumento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O nível de ocupação, que representa o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, chegou a 56,2%.
Quanto à informalidade, a taxa de trabalhadores informais no mercado de trabalho brasileiro foi de 38,9% da população ocupada, totalizando 38 milhões de pessoas. Esse percentual ficou abaixo do trimestre anterior (39%) e do mesmo trimestre do ano passado (40,1%). O número de empregados com carteira assinada no setor privado se manteve estável, enquanto aqueles sem carteira assinada no setor privado tiveram uma queda de 2,9% em relação ao trimestre anterior. Já os trabalhadores por conta própria permaneceram estáveis.
Quanto aos rendimentos, o rendimento real habitual ficou em R$ 2.891, estável em relação ao trimestre anterior, porém apresentando um crescimento de 7,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. A massa de rendimento real habitual também se manteve estável em relação ao trimestre anterior e teve um aumento de 9,6% na comparação anual, totalizando R$ 278,8 bilhões.
Os dados da PNAD Contínua revelam um panorama positivo com a redução da taxa de desemprego, estabilidade na ocupação e crescimento dos rendimentos no Brasil. No entanto, é importante acompanhar a evolução do mercado de trabalho nos próximos trimestres para uma análise mais completa da situação.