No ano de 2023, a cada 24 horas, pelo menos oito mulheres foram vítimas de violência doméstica nos estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança, que abrange BA, CE, MA, PA, PE, PI, RJ e SP. Os dados são parte do recente boletim “Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver”, divulgado nesta quinta-feira (7), revelando um total de 3.181 casos registrados, representando um alarmante aumento de 22,04% em relação ao ano anterior.
Entre as formas de violência relatadas estão ameaças, agressões, torturas, ofensas, assédio e feminicídio. O relatório destaca que a cada 15 horas, uma mulher perde a vida em decorrência do gênero, principalmente nas mãos de parceiros ou ex-parceiros (72,7%), muitas vezes utilizando armas brancas (38,12%) ou de fogo (23,75%).
A jornalista Isabela Reis, responsável pelo texto principal do boletim, enfatiza a importância da mobilização contra o feminicídio e outras formas de violência de gênero, afirmando que é necessário um esforço incansável para preservar vidas.
O novo boletim ampliou a área de monitoramento, incluindo pela primeira vez o Pará entre os estados observados. O estado ocupou a quinta posição no ranking, com 224 eventos de violência contra mulheres. O relatório destaca as desigualdades sociais e o garimpo como fatores que contribuem para a intensificação dessas dinâmicas violentas na região amazônica.
Em comparação com 2022, São Paulo foi o único estado a ultrapassar mil eventos de violência, registrando um aumento de 20,38%, seguido pelo Rio de Janeiro, com um aumento de 13,94%. O Piauí, apesar de registrar menos casos em números absolutos, apresentou a maior taxa de crescimento, com quase 80% de aumento em um ano.
No Nordeste, Pernambuco registrou 319 casos de violência, enquanto a Bahia liderou em número de mortes de mulheres (199). O Ceará teve o maior registro de transfeminicídios (7), e o Maranhão liderou os crimes de violência sexual/estupro, com 40 ocorrências.
A metodologia utilizada envolve um monitoramento diário das mídias sobre violência e segurança, permitindo identificar e nomear corretamente crimes que podem não ser tipificados pela polícia, como violência contra mulheres. Esses dados complementam as estatísticas oficiais, reduzindo a subnotificação e fornecendo uma visão mais precisa da realidade.