Vereadores afastam prefeito de Uruburetama, denunciado por abusar de mulheres

Médico e prefeito de Uruburetama, José Hilson de Paiva aparece em imagens abusando de mulheres em consultório. Afastamento cautelar é válido por 90 dias.

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Os vereadores de Uruburetama, no Ceará, votaram nesta segunda-feira (15) pelo afastamento de 90 dias do médico e prefeito do município, José Hilton de Paiva, denunciado por várias mulheres de abusar delas durante atendimento ginecológico em hospitais públicos da cidade.

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A população se concentrou em frente à Câmara Municipal para pedir o afastamento do prefeito. O local recebeu reforço policial. Parte da população comemorou a decisão da Câmara e soltou fogos de artifício.

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Nove dos 11 vereadores da cidade estiveram presentes na sessão extraordinária, ocorrida durante o recesso parlamentar. Todos os vereadores presentes votaram pelo afastamento do prefeito.

Dois vereadores se declararam suspeitos por terem parentesco com o Hilson de Paiva: Cristiane Cordeiro Costa, filha do prefeito, e Alexandre Wagner Albuquerque Nery, filho do vice-prefeito; eles foram representados pelos suplentes Robério Costa e Wilson Barroso.

O vice-prefeito de Uruburetama, Artur Wagner Vasconcelos Nery, será convocado nesta terça-feira (16) a comparecer à Câmara Municipal para assumir o cargo.

Moção de repúdio

Parte da população de Uruburetama comemora o afastamento do prefeito suspeito de assediar mulheres — Foto: JL Rosa/G1

Mais cedo, os vereadores votaram também por uma moção de repúdio contra o gestor. “Peço aqui, em público, perdão ao povo de Uruburetama, porque não foi só eu, foram 78% que escolheram esse senhor pra administrar Uruburetama não tendo [ele] nenhuma responsabilidade de administrar seu próprio matrimônio”, disse a presidente da Câmara, Maria Stela Gomes Rocha.

A reação contra o prefeito ocorre um dia após o Fantástico exibir a denúncia de mulheres que dizem terem sido abusadas pelo prefeito, que também é médico da cidade. Ele filmava, sem consentimento delas, os casos de abuso.

‘Trata-se de um monstro’

Policiais fizeram a segurança na Câmara de Uruburetama devido à aglomeração da população — Foto: JL Rosa/G1

Especialistas que assistiram aos vídeos afirmam que em nenhum momento Hilson Paiva realizou um atendimento ginecológico. “Trata-se de um monstro”, e as imagens “demonstram claramente um estupro da paciente”, avaliam profissionais da Associação Médica Brasileira.

“Ele pegava nos seios e pediu pra fazer sexo oral com ele”, lembra a paciente. “Fazer uma aplicação oral porque é muita secreção mesmo. Muita, muita, muita”, argumentava o médico. “Perguntei a ele por quê. Ele pegou e disse que não, que era o procedimento. Que era o que o médico fazia. Que ele tinha que ver a minha sensibilidade. Eu disse pra ele que não, que eu não queria”, afirmou uma paciente, sem se identificar.

O prefeito afirma que nunca fez “nada forçado” e que as acusações são “jogada da oposição”. “Querem me derrubar”, argumenta Hilson de Paiva.

Denúncias desde 1986

As denúncias de abuso contra o prefeito ocorrem desde 1986. Nas denúncias mais recentes, em 2018, o médico foi absolvido e denunciou as mulheres por calúnia e difamação. Três delas pediram desculpas para evitar serem processadas; uma quarta negou.

“Para o processo [de calúnia e difamação contra as pacientes] ser arquivado, as vítimas teriam que pedir desculpa pra ele. Quando chegou na minha hora, eu disse: ‘Eu não vou pedir desculpa, você quem deve me pedir desculpa'”, relata a mulher, sem se identificar.

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O prefeito nega ter realizado qualquer prática de abuso. Para ele, as denúncias são uma estratégia de políticos de oposição para afastá-lo.

“Eu nunca fiz nada forçado. Nada à força, não tive nada forçado. Isso é uma jogada da oposição. Querem me derrubar.”

José Hilson de Paiva gravou mais de 40 vídeos de mulheres enquanto realizava atendimentos de rotina. Durante os supostos tratamentos, praticava crimes sexuais. Reprodução

O prefeito alega ter tido relações sexuais consentidas com algumas mulheres, mas nega que tenham ocorrido em consultórios médicos. Quando abordado pela reportagem em Uruburetama e questionado por que filmava as pacientes, Hilson diz apenas que o repórter “perguntou demais” e deixa o local da entrevista.

Por meio de nota, o advogado do prefeito afirma que o cliente teve conhecimento dos vídeos apenas por “ouvir dizer”, que “aguarda as mídias para uma manifestação mais concreta sobre o caso” e que irá ao Ministério Público para saber sobre a veracidade do material.

O Ministério Público está ouvindo vítimas do médico e afirmou que “medidas judiciais estão sendo tomadas visando elucidar todas as condutas delitivas e punir rigorosamente o responsável”.

Fonte: G1

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