O isolamento social devido ao novo coronavírus não fez, até então, com que o número de mortes violentas baixasse no Ceará. Pelo contrário, de 19 a 29 de março deste ano, pelo menos, 125 Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), que englobam homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, foram registrados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Em igual período de 2019, a Pasta contabilizou 63 CVLIs. O comparativo mostra que houve aumento de 98% no índice.
A onda de violência enfrentada no Ceará vem antes mesmo do decreto da quarentena. Em fevereiro deste ano, segundo a Pasta, foram 456 mortes violentas. O pico dos CVLIs aconteceu durante motim de policiais militares.
Fontes ligadas ao setor de Inteligência da SSPDS já presumiam que mesmo após o dia 1º de março, data do fim do motim, o recuo no número de assassinatos não aconteceria de imediato. O sociólogo e coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), César Barreira, considera que é preciso olhar a longo prazo e entender a incidência de uma série de fatores para o aumento de mortes percebido nos últimos dias.
Análise dos dados
Para o especialista, a crescente da violência não é uma consequência direta da quarentena: “O primeiro aspecto é que a tendência deste aumento começou a aparecer ainda no mês de janeiro. Em fevereiro, teve o forte agravante do motim e em março continuou a tendência. Em 2019, tivemos um decréscimo muito grande e 2020 vem com esse aumento. A questão das taxas de homicídio deve ser observada a longo prazo, é uma tendência histórica”, opinou o sociólogo.
Segundo o secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, as polícias Militar Civil vem se preparando e trabalhado para enfrentar o que pode acontecer neste cenário de quarentena. O titular da SSPDS destaca que há números positivos em meio ao isolamento social, como a queda dos índices de furto em todo o Ceará.
Um levantamento da SSPDS mostra que comparado os períodos de 20 a 31 de março dos anos de 2019 e 2020, neste ano, houve redução de 38% no índice de furtos. “Muito se fala do risco da prática de saques e aí temos este dado sobre furtos contra estabelecimentos comerciais. Os dados demonstram que não há esse aumento de violência, esse aumento de criminalidade por conta das ações de isolamento social”, afirmou André Costa.
Sobre as ações de combate à criminalidade, o secretário acrescentou que continuam a análise dos dados de georeferenciamento, patrulhamento, investigações e uso da tecnologia a favor da segurança pública estadual.
Fonte: G1