Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker por trás da polêmica Vaza Jato, encontra-se detido na Delegacia da Polícia Federal (PF) em Araraquara, no interior de São Paulo. Sua prisão preventiva ocorreu no âmbito da Operação 3FA, que investiga a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em janeiro deste ano.
A prisão de Delgatti Neto foi confirmada à Agência Brasil pelo seu advogado, Ariovaldo Moreira, que manifestou surpresa com a decisão proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo o advogado, estão em busca da íntegra da decisão para compreenderem os fundamentos da detenção.
“Estou com o Delgatti aqui do meu lado, tentando ter acesso à [íntegra da] decisão para entendermos o motivo [da prisão]. Até agora, só tivemos acesso ao mandado [judicial] de prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes”, comentou Ariovaldo Moreira. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), também alvo da Operação 3FA, planeja uma coletiva de imprensa para discutir a operação.
A Polícia Federal informou que a Operação 3FA é resultado das investigações que apuram a invasão dos sistemas do CNJ e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão. Essa ação teria sido realizada através do uso de credenciais ilícitas obtidas pelos investigados. Entre as informações fraudulentas incluídas no sistema, destaca-se um falso mandado de prisão em nome do ministro Alexandre de Moraes.
A PF detalhou que os crimes sob investigação ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando foram inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, em outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura e um mandado de prisão falso. A operação tem como foco desvendar essas ações fraudulentas.
A deputada federal Carla Zambelli, que possui foro privilegiado, está entre os alvos da investigação. Por sua vez, Delgatti Neto já enfrenta outro processo no contexto da Operação Spoofing, que investiga a invasão dos celulares de várias autoridades, incluindo o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e atual senador, Sergio Moro.
Esta não é a primeira vez que Delgatti Neto é preso preventivamente. Sua detenção ocorreu em julho de 2019, seguida por uma segunda prisão em junho deste ano devido ao descumprimento de medidas judiciais. Apenas em julho, a Justiça autorizou sua soltura, mediante o uso de tornozeleira eletrônica.
A Operação Vaza Jato, desencadeada após a divulgação ilegal de informações obtidas de dispositivos telefônicos, revelou diálogos entre o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o então coordenador da força-tarefa Lava Jato, o deputado federal Deltan Dallagnol. Esse episódio expôs os bastidores da Operação Lava Jato, levantando questionamentos sobre o uso seletivo de informações sigilosas e alegações de violações ao devido processo legal.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, se pronunciou no Twitter, destacando que os mandados judiciais estão relacionados às invasões ou tentativas de invasões aos sistemas do Poder Judiciário da União, como parte dos ataques às instituições.
A Operação 3FA continua em curso, buscando esclarecer os detalhes da suposta invasão ao CNJ e as implicações dessas ações. A investigação envolve figuras de destaque e suscita debates sobre a segurança cibernética e a preservação da integridade das instituições judiciais do país.