Neste dia 28 de junho, conhecido como o Dia do Orgulho LGBTQIA+, a reportagem da Agência Brasil conversou com psicólogos para discutir o significado do orgulho e como ele está intrinsecamente ligado à saúde mental individual e coletiva. Segundo Jaqueline Gomes de Jesus, professora de psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e pesquisadora, o orgulho é essencial para garantir a saúde mental e o bem-estar, tanto individualmente como em uma perspectiva coletiva.
Jaqueline explica que o orgulho é o oposto da vergonha e envolve o reconhecimento e a valorização da própria identidade, com todas as suas complexidades e dimensões. Ela ressalta que, se as pessoas não conseguem expressar livremente sua identidade de gênero ou vivenciar sua orientação sexual, isso afeta profundamente a saúde mental da população LGBTQIA+.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2022 revelou que oito em cada dez jovens brasileiros entre 15 e 29 anos enfrentaram problemas relacionados à saúde mental. Entre os jovens que se identificam como LGBTQIA+, esses problemas são ainda mais comuns, afetando 92% desse grupo. Lucas de Vito, psicólogo, empresário e influenciador, destaca que muitos desses problemas estão relacionados à negação da própria identidade e à impossibilidade de viver de acordo com os desejos individuais.
O orgulho LGBTQIA+ é definido como o reconhecimento e a valorização de si mesmo, em contraposição aos padrões impostos pela sociedade. Pedro Paulo Bicalho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente do Conselho Federal de Psicologia, destaca a importância de desconstruir os padrões sociais atuais, que muitas vezes excluem a diversidade. Ele ressalta que é necessário compreender que esses padrões são historicamente construídos e podem ser reconfigurados, permitindo a construção de uma sociedade mais inclusiva.
Para a comunidade LGBTQIA+, o orgulho vai além de uma questão individual e se torna um movimento coletivo. O Dia do Orgulho tem origem na revolta e resistência contra a violência policial ocorrida no bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, em 1969. Esse evento marcou o início de uma luta por direitos civis e é lembrado como um marco histórico para a comunidade LGBTQIA+.
Os especialistas ressaltam que a segurança e a saúde mental da população LGBTQIA+ dependem do reconhecimento das múltiplas identidades sociais e da sobreposição de discriminações que muitas vezes são enfrentadas. A construção do orgulho envolve não apenas o conhecimento individual, mas também o apoio familiar, dos amigos e das redes de suporte. Além disso, políticas públicas nas áreas de saúde e educação são fundamentais para garantir que todos os indivíduos possam viver plenamente na sociedade.
A imprensa e as redes sociais desempenham um papel relevante na promoção do orgulho LGBTQIA+. A mídia em todas as suas formas pode contribuir para debates, ampliar a discussão sobre a construção da identidade e promover a aceitação e o respeito. Marcelle Esteves, psicóloga clínica do Grupo Arco-Íris, destaca a importância de diferentes mídias, desde as tradicionais até as redes sociais, em trazer visibilidade e fortalecer a autoestima da comunidade LGBTQIA+.
No Dia do Orgulho LGBTQIA+, é essencial refletir sobre a importância desse movimento e sobre a construção de uma sociedade mais inclusiva, que valorize e respeite todas as formas de ser e amar. O orgulho é um passo fundamental para garantir a saúde mental e o bem-estar de todos, além de promover a igualdade e a tolerância.