No último fim de semana, médicos e especialistas em reumatologia se reuniram no Congresso Brasileiro de Reumatologia, realizado em Goiânia, para discutir o uso da cannabis medicinal como alternativa no tratamento da dor em pacientes com doenças reumáticas. A prática, que tem ganhado popularidade, divide opiniões entre profissionais da saúde, pacientes e autoridades, suscitando debates sobre sua eficácia, regulamentação e acesso.
A cannabis medicinal, extrativa da flor da planta, é rica em canabidiol (CBD), um composto não psicoativo que tem sido explorado para tratar diversas condições médicas. Médicos reumatologistas indicam o uso da cannabis em pacientes que sofrem de síndromes dolorosas crônicas, como a fibromialgia, artrite reumatoide, espondilite anquilosante e psoríase. A substância, além de aliviar a dor, busca restaurar o equilíbrio do organismo, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
O uso da cannabis tem mostrado resultados promissores em algumas doenças, com destaque para a epilepsia refratária, onde estudos avançados já demonstraram eficácia no controle das crises convulsivas em crianças. Além disso, pacientes que utilizam a cannabis relatam melhoras na qualidade de vida, incluindo melhor sono, humor e até libido.
No entanto, o uso da cannabis medicinal continua sendo um tópico controverso, devido à falta de estudos científicos robustos que comprovem seus benefícios e avaliem seus riscos, especialmente quando se trata do tratamento da dor em doenças reumáticas. Segundo especialistas, é necessária uma regulamentação mais precisa, com normas que determinem a dose, o miligrama e a posologia correta.
O acesso à cannabis medicinal no Brasil é limitado, com a necessidade de prescrição médica. Atualmente, os pacientes podem obtê-la em farmácias, por meio de associações ou por importação. No entanto, os altos custos tornam a substância inacessível para a maioria da população, pois o cultivo no Brasil é proibido, exigindo a importação do óleo de cannabis. Para muitos, a esperança está em projetos de lei que buscam facilitar o acesso ao tratamento via Sistema Único de Saúde (SUS).
Ainda há muito a ser estudado sobre os efeitos da cannabis medicinal, especialmente no tratamento da dor e seus potenciais efeitos colaterais a longo prazo.