Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Joe Biden, dos Estados Unidos, anunciaram nesta quarta-feira (20) uma parceria inovadora com o objetivo de promover o “trabalho digno” em todo o mundo. A iniciativa, denominada “Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores”, marca um marco na cooperação entre os dois países e tem como foco combater a precarização do trabalho e fortalecer os direitos dos trabalhadores.
No lançamento da iniciativa, realizado na cidade de Nova York, Biden enfatizou a importância de uma força trabalhista forte para garantir a equidade econômica. Ele afirmou: “Não queremos só que uma classe se saia bem, queremos que os pobres tenham a oportunidade de subir na vida. Os ricos não pagam impostos suficientes. Essa visão é impulsionada por uma força trabalhista forte. Orgulho-me que meu governo tem sido caracterizado com o mais pró-sindicato na história dos EUA.”
A Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores estabelece diretrizes essenciais para a promoção do trabalho digno, incluindo a proteção dos direitos trabalhistas, o combate à discriminação no local de trabalho e a promoção do trabalho decente nos setores público e privado. Além disso, a iniciativa busca abordar os desafios da transição para a energia limpa e promover o uso responsável da tecnologia e da transição digital em prol do trabalho decente.
Em seu discurso, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva destacou o caráter histórico da parceria e ressaltou os desafios atuais para promover o trabalho digno em um mundo marcado pela precarização do trabalho. “O saldo é que nós temos 2 bilhões de trabalhadores que estão no setor informal, segundo a OIT [Organização Internacional do Trabalho]. É inaceitável que mulheres, minorias étnicas e pessoas LGBTQIA+ sejam discriminadas no mercado de trabalho”, afirmou Lula.
Lula também defendeu o papel fundamental dos sindicatos na defesa dos direitos dos trabalhadores, afirmando: “Não há democracia sem sindicato forte. Porque o sindicato é efetivamente quem fala pelo trabalhador para tentar defender os seus direitos.”
Ambos os presidentes se comprometeram a impulsionar a adesão de outros países à Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e a trabalhar juntos para reverter a exploração no mercado de trabalho. Além disso, planejam estabelecer uma agenda centrada na importância dos trabalhadores em instituições multilaterais como o G20, a COP 28 e a COP 30.
Antes do lançamento da iniciativa, Lula e Biden tiveram um encontro bilateral, no qual discutiram a cooperação entre Brasil e Estados Unidos no enfrentamento da crise climática e no apoio à preservação da Amazônia e dos ecossistemas da América Latina. Lula enfatizou a importância de criar oportunidades de trabalho de qualidade para a juventude como forma de estimular a esperança na sociedade.
O presidente brasileiro está em Nova York para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), onde na terça-feira (19) criticou o neoliberalismo e defendeu a importância de proteger os direitos dos trabalhadores em todo o mundo. Ele também destacou a necessidade de combater a desinformação e os crimes cibernéticos, garantindo que as leis trabalhistas não sejam abolidas por aplicativos e plataformas digitais.
Após uma série de encontros com autoridades estrangeiras e empresários, Lula retorna ao Brasil ainda nesta quarta-feira, encerrando sua participação na 78ª Assembleia Geral da ONU.