A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) divulgou seu prognóstico climático para o trimestre de abril a junho, delineando um cenário onde o Ceará enfrentará uma variedade de padrões de chuvas. Segundo a análise, há uma probabilidade de 30% para precipitações abaixo da normalidade, 40% para chuvas em torno da média e 30% para índices acima do esperado.
Os especialistas destacam que esse período é caracterizado por mudanças nas condições atmosféricas e oceânicas. Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme, destaca dois pontos cruciais nessa previsão.
“No Oceano Pacífico, o El Niño está perdendo força, apontando para condições em torno da normalidade nos próximos meses. Outro fator a ser considerado é o oceano Atlântico, que mantém-se aquecido, tanto no Norte quanto no Sul. Essa condição tem favorecido a aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), responsável pelas chuvas no Ceará”, explica Sakamoto.
A temperatura elevada da superfície do mar no oceano Atlântico pode desempenhar um papel crucial na formação de áreas de baixa pressão atmosférica sobre o Nordeste. Esse aquecimento intensifica a evaporação, aumentando a umidade do ar sobre o oceano, que é então transportada para o continente pela circulação atmosférica.
Além disso, a alta temperatura da superfície do mar contribui para a intensificação da evaporação, elevando a umidade na atmosfera, condição essencial para a formação de nuvens convectivas, responsáveis por chuvas mais intensas.
Quanto ao balanço das chuvas, fevereiro apresentou precipitações significativas, com um desvio positivo de cerca de 90%. Já março, embora dentro da média para o estado, registrou os melhores resultados no centro-norte.
Sakamoto ressalta que os meses de abril, maio e junho apresentam volumes acumulados médios de chuva mais baixos, sendo 190 mm, 90 mm e 37 mm, respectivamente.
“Outro aspecto importante desse prognóstico é a variabilidade no tempo, caracterizada pela irregularidade na distribuição das chuvas, tanto em termos temporais quanto espaciais, como já observado desde janeiro para as condições de chuva em abril e maio, principalmente”, conclui a gerente.