Cerca de 8 milhões de brasileiros que se declararam desempregados ainda não conseguiram acesso ao auxílio emergencial do governo federal. É o caso da vendedora autônoma Emiliana Teixeira, de Itapipoca, distante 134 km de Fortaleza, que diz ter sido rejeitada ao fazer o pedido de auxílio após o sistema do Dataprev apontar que a cearense possui vínculo empregatício.
Emiliana afirma que deixou um cargo de servidora pública do município em dezembro de 2019, mas, apesar de ter o documento que comprova a exoneração, no banco de dados do governo ainda consta que ela ainda está empregada.
“Quando eu digito meu CPF, aparece que ele já está cadastrado e que eu sou servidora pública. Tem dizendo que eu tenho emprego formal, eu não tenho, vivo de vendas no momento, eu sou autônoma. Segundo, consta que eu recebo três salários mínimos, mas eu nunca recebi dois salários mínimos nem quando eu estava trabalhando”, relata.
Emiliana afirma que já tentou entrar em contato com o Dataprev, órgão responsável pelo cadastro no Auxílio Emergencial, para contestar a sua situação cadastral, mas não obteve sucesso. O Dataprev não se pronunciou até a publicação desta matéria.
Pagamento interrompido
A diarista Renata Vasconcelos vivencia situação semelhante. Ela conta que não conseguiu entrar em contato com o Dataprev após ter a segunda parcela do seu auxílio emergencial negada.
“Eu fui aprovada, recebi a primeira parcela bem direitinho. A segunda parcela não constava na minha conta. O site informou que o benefício estava em processo de análise. Fui na plataforma do Dataprev e lá constava que eu não estava me encaixando nos requisitos”, diz.
Renata é mãe solteira, cadastrada no Cadastro Único e ganhava uma renda média de R$900 antes da pandemia. Por não ter o perfil enquadrado nas exigências legais para habilitação do benefício, segundo o Dataprev, Renata precisará devolver a primeira parcela de R$ 1.200 ao governo.
“A gente não consegue falar com eles (Dataprev), quando a gente liga para o telefone da Caixa, eles afirmam que eu não me enquadro no processo deles. Eu queria saber qual é processo que eles estão fazendo para eu não receber mais, e essa devolução, porque eu não entendo”, conta.
O autônomo Sandro de Oliveira também afirma que não conseguiu ter acesso ao benefício, apesar de preencher os requisitos necessários. No processo de análise do auxílio, consta que ele ou outro familiar já teve acesso às parcelas, mas Sandro nega.
“Ninguém da minha família recebeu. Depois da pandemia, minha renda tá zero, eu não vendo nada. Só não estou passando fome porque meus irmãos me ajudam”, declara.
A Caixa Econômica Federal afirma, em nota, que atua como agente pagador do auxílio emergencial e não participa nem interfere no processo de avaliação dos critérios de elegibilidade.
Sobre o cancelamento da segunda parcela do benefício, mesmo com crédito da primeira parcela, por não enquadramento nas exigências legais para habilitação do benefício, a Caixa afirma que a responsabilidade de reanálise é do Ministério da Cidadania.
Fonte: G1