Os Estados Unidos (EUA) reconheceram a vitória do opositor Edmundo González nas recentes eleições venezuelanas, mesmo antes da conclusão das auditorias realizadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. Em resposta, o presidente Nicolás Maduro declarou que os EUA “devem manter o nariz fora da Venezuela”.
O Departamento de Estado dos EUA fundamentou sua decisão nos documentos divulgados pela oposição. A campanha de Edmundo González publicou na internet as atas eleitorais de aproximadamente 80% das mesas de votação que tiveram acesso. Esses documentos indicam uma vitória de González sobre Maduro.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou: “Os dados eleitorais demonstram de forma esmagadora a vontade do povo venezuelano: o candidato da oposição democrática Edmundo González obteve o maior número de votos nas eleições de domingo. Os venezuelanos votaram e os seus votos devem contar”.
Anteriormente, a Casa Branca havia solicitado apenas a publicação dos dados detalhados das 30 mil mesas de votação do país, o que ainda não foi feito pelo CNE. A rápida declaração do CNE proclamando Nicolás Maduro como vencedor não foi acompanhada de evidências substanciais, conforme nota do Departamento de Estado dos EUA.
O governo dos EUA alegou que “a oposição democrática publicou mais de 80% das atas de apuração recebidas diretamente das seções eleitorais em toda a Venezuela. Essas atas indicam que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos nessa eleição por uma margem insuperável”.
Além disso, o governo norte-americano relatou ter realizado “amplas consultas a parceiros e aliados em todo o mundo”, que também não concluíram que Maduro tenha recebido a maioria dos votos.
Em reação à declaração dos EUA, Nicolás Maduro pediu que “os Estados Unidos mantenham o nariz fora da Venezuela, porque o povo soberano é quem governa na Venezuela, quem dá o tom, quem decide”, segundo a Telesur.
Na quarta-feira (31), Maduro entrou com um recurso no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) solicitando a perícia das atas eleitorais. O STJ convocou todos os dez candidatos para uma audiência na tarde desta sexta-feira (2) para iniciar a investigação sobre os resultados eleitorais.
Como as atas são distribuídas aos fiscais de cada partido, seria possível verificar os documentos, que contêm códigos para confirmar sua autenticidade.
A posição dos EUA contrasta com a do Brasil, Colômbia e México, que, em nota conjunta divulgada nesta quinta-feira (1), pediram às autoridades venezuelanas a apresentação dos dados desagregados da eleição, sem afirmar que qualquer candidato tenha vencido a votação do último domingo (28).
Na madrugada de segunda-feira (29), o CNE anunciou que Nicolás Maduro havia vencido a eleição com 51,21% dos votos, enquanto Edmundo González teria obtido 44%. A falta de publicação dos dados por mesa gerou questionamentos da oposição, observadores internacionais e diversos países sobre a legitimidade do resultado.