O chefe da diplomacia francesa, Jean-Noel Barrot, declarou nesta terça-feira (7) que a União Europeia não permitirá que países ataquem as fronteiras soberanas do bloco, em resposta às novas declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a anexação da Groenlândia. O território, uma região autônoma da Dinamarca, é considerado parte da União Europeia, afirmou Barrot em entrevista à rádio France Inter.
“A Groenlândia pertence às pessoas da Groenlândia”, reforçou a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, em declaração ao canal de televisão TV2. Frederiksen também reiterou o alinhamento próximo entre Dinamarca e Estados Unidos, mas descartou qualquer possibilidade de negociação sobre a venda ou anexação do território.
Expansão por “força, se necessário”
Donald Trump reacendeu o tema durante uma coletiva de imprensa realizada em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida. Em meio a declarações consideradas sensacionalistas pelos jornalistas presentes, Trump sugeriu que pretende anexar a Groenlândia e o Canal do Panamá. Ele afirmou estar disposto a usar a força militar para alcançar seus objetivos, caso necessário.
O presidente eleito criticou o acordo assinado em 1977 pelo então presidente Jimmy Carter, que transferiu o controle do Canal do Panamá para o país homônimo em 1999. Trump ameaçou reverter a soberania do canal, um ponto estratégico para o comércio marítimo global, caso as taxas para navios americanos não sejam reduzidas.
Recursos naturais e base militar
A Groenlândia, rica em recursos naturais e estrategicamente localizada no Ártico, tem sido alvo de interesses geopolíticos e econômicos. Apesar de buscar maior independência, a região ainda depende financeiramente da Dinamarca. Atualmente, o território abriga uma base militar americana e mantém proibições sobre exploração de petróleo e urânio, o que aumenta seu valor geoestratégico.
Donald Trump Júnior, filho do presidente eleito, está em visita privada à Groenlândia, onde usou as redes sociais para promover a ideia de integração da ilha aos Estados Unidos. “A Groenlândia é um lugar incrível, assim como seus habitantes. Quando fizerem parte da nossa nação, vão se beneficiar enormemente”, escreveu, encerrando com o slogan “Make Greenland Great Again!”
Reações internacionais
Ulrik Pram Gad, especialista em questões groenlandesas no Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais, considerou preocupante o tom belicoso de Trump sobre as relações internacionais. Já em 2019, durante seu primeiro mandato, Trump havia tentado comprar a Groenlândia, proposta amplamente rejeitada na época.