O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, surpreendeu o país ao declarar lei marcial nesta terça-feira (3), alegando necessidade de combater forças políticas que, segundo ele, colocavam em risco a ordem constitucional. A medida, amplamente criticada, foi declarada inválida pelo presidente da Assembleia Nacional e rejeitada pelos parlamentares em uma votação na madrugada de quarta-feira (horário local).
Conflito no Parlamento
Logo após o anúncio de Yoon, tropas militares tentaram invadir o prédio do Parlamento para impor a lei marcial. Cenas transmitidas ao vivo mostraram funcionários da Assembleia utilizando extintores de incêndio para impedir o avanço dos soldados. Parlamentares e manifestantes se mobilizaram rapidamente contra a medida, com milhares de pessoas se reunindo em frente ao prédio, gritando slogans como “Retirem a lei marcial de emergência!” e “Prendam Yoon Suk Yeol”.
Dentro do Parlamento, o próprio líder do partido governista, Han Dong-hoon, manifestou oposição à decisão do presidente, refletindo divisões internas no governo. Han criticou a gestão de Yoon em meio a recentes escândalos políticos e se posicionou ao lado da maioria que votou contra a lei marcial.
Impactos econômicos e internacionais
A crise política gerou instabilidade nos mercados financeiros. O won, moeda sul-coreana, caiu significativamente em relação ao dólar, levando o Banco Central a preparar intervenções emergenciais para estabilizar o mercado. O Ministro das Finanças, Choi Sang-mok, convocou uma reunião de emergência com as principais autoridades econômicas do país.
No cenário internacional, os Estados Unidos expressaram preocupação e afirmaram estar monitorando a situação. Um porta-voz da Casa Branca confirmou que o governo norte-americano mantém contato direto com autoridades sul-coreanas. Cerca de 28,5 mil soldados norte-americanos permanecem estacionados na Coreia do Sul, mas o comando militar dos EUA não se pronunciou sobre o episódio.
Reações e ameaça à democracia
A declaração de lei marcial é a primeira no país desde 1980 e representa um desafio direto ao sistema democrático estabelecido nas últimas décadas. Yoon justificou sua decisão acusando seus adversários políticos de alinhamento com forças “pró-Coreia do Norte”. No entanto, críticos, incluindo o ex-presidente Moon Jae-in, descreveram a situação como uma grave ameaça à democracia.
“Peço às pessoas que unam forças para proteger e salvar a democracia e para ajudar a Assembleia Nacional a funcionar normalmente”, declarou Moon em publicação no X (antigo Twitter).