O Observatório Europeu do Sul (OES) surpreendeu o mundo da astronomia ao anunciar, nesta terça-feira (16), a descoberta do buraco negro estelar mais denso já registrado na Via Láctea. Com uma massa estimada em 33 vezes a do Sol, o buraco negro, denominado BH3, foi identificado por uma equipe internacional de cientistas através de dados coletados pela Missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA).
A detecção do BH3 foi possível graças a um movimento de oscilação peculiar observado na estrela que orbita o buraco negro, conforme relata o comunicado oficial do observatório. Os dados cruciais foram obtidos pelo telescópio VLT do OES, localizado no Chile, juntamente com outros telescópios em terra.
Os responsáveis pela pesquisa, André Moitinho e Márcia Barros, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, assinam o estudo publicado na renomada revista científica Astronomy & Astrophysics.
Diferentemente dos buracos negros estelares comuns da Via Láctea, que têm em média cerca de 10 vezes a massa do Sol, o BH3 se destaca por sua extraordinária densidade. Localizado a uma distância de 2 mil anos-luz da Terra, na Constelação da Águia, o BH3 é considerado o segundo buraco negro mais próximo de nosso planeta, segundo o observatório.
Os dados detalhados coletados pelo telescópio VLT revelaram também características peculiares da estrela que orbita o buraco negro, indicando uma baixa concentração de metais em sua composição. Esse achado sugere que a estrela progenitora do BH3 também era pobre em metais, corroborando com as teorias científicas sobre a formação de buracos negros estelares.
A Missão Gaia, da ESA, lançada em 2013, desempenhou um papel fundamental ao fornecer informações cruciais para essa descoberta. A sonda espacial da missão está empenhada em mapear a estrutura da Via Láctea, fornecendo insights valiosos sobre nossa galáxia e o Sistema Solar, do qual a Terra faz parte.