Especialistas em riscos advertem que condições climáticas extremas e a proliferação da desinformação apresentam uma ameaça significativa, com potencial para desencadear uma crise global nos próximos dois anos. A pesquisa divulgada pelo Fórum Econômico Mundial nesta quarta-feira (10) destaca o clima extremo como o principal risco em 2024, seguido pela desinformação, classificado como o risco global mais grave para os próximos dois anos.
Este cenário adquire dimensões críticas em um ano eleitoral histórico, no qual algumas das principais economias do mundo, dos Estados Unidos à Índia e ao México, passarão pelo escrutínio democrático. Líderes políticos, diante desse ambiente desafiador, ficam dependentes de pesquisas e previsões para antecipar o panorama político até 2025.
O relatório alerta para as consequências potencialmente devastadoras do uso disseminado de informações imprecisas e desinformação. A ameaça vai além do questionamento da legitimidade de governos recém-eleitos, podendo resultar em protestos violentos, crimes de ódio, confrontos civis e até mesmo terrorismo.
Ao olharmos para um horizonte de dez anos, os riscos ambientais, incluindo perda de biodiversidade e mudanças críticas nos sistemas da Terra, lideram a classificação, seguidos de perto pela desinformação e pelos resultados adversos da inteligência artificial (IA).
Além disso, dois terços dos especialistas em risco preveem o surgimento de uma ordem mundial multipolar ou fragmentada na próxima década. Nesse cenário, potências médias e grandes disputariam, estabeleceriam e aplicariam regras e normas regionais.
O presidente do Fórum Econômico Mundial, Borge Brende, destacou que o 54º encontro anual do fórum, em Davos, ocorrerá em um cenário geopolítico altamente complexo. A perspectiva pessimista da pesquisa reflete os desafios dos últimos quatro anos, com eventos como a pandemia de covid-19 e os bloqueios decorrentes da invasão da Ucrânia pela Rússia afetando as cadeias de suprimentos globais.
John Scott, chefe de risco de sustentabilidade do Zurich Insurance Group, ressaltou que tem sido um “golpe após o outro nas cadeias de suprimentos globais”, enquanto Carolina Klint, diretora comercial da Marsh McLennan para a Europa, destaca a necessidade de atenção e ação diante desses riscos iminentes.