Ungureanu foi um paredão. No ataque, Cristina Neagu, eleita a melhor do mundo em 2010, esteve praticamente imparável.
A defesa brasileira, até então intransponível, também não encaixou. Na fria Kolding, na Dinamarca, coube à Romênia colocar fim ao sonho do bicampeonato mundial logo nas oitavas de final. Derrotada por 25 a 22, a seleção brasileira, atual campeã, deu adeus ao torneio contra um time que tem dado dor de cabeça. Em março deste ano, durante um torneio na Europa, as romenas já haviam vencido bem o Brasil, por 27 a 19. E o que era para ser uma revanche transformou-se em decepção mesmo após uma tentativa de reação no fim. A dor pela eliminação estava estampada no rosto das meninas com choro e incredulidade.
– É um sentimento muito ruim, de tristeza. Tentamos de tudo, mas elas conseguiram ser melhores que a gente. Pecamos quando não podia. Fomos crescendo na competição, começamos mal, e pouco a pouco fomos melhorando. Nosso melhor jogo foi contra a França. Agora, que deveria ter sido o melhor, não conseguimos. O ataque e a defesa foram ruins. No primeiro tempo, ambos foram muito mal. No segundo tempo, melhoramos o ataque, mas a defesa começou a funcionar tarde – disse Ana Paula, chorando.
Vencedora, a Romênia vai jogar as quartas de final contra a Dinamarca, que bateu a Suécia por 26 a 19. O time também fica perto de ao menos um lugar para jogar o pré-olímpico que dá vaga nas Olimpíadas do Rio 2016 (seleções do 2º ao 7º ganham esse direito). A seleção campeã do mundo na Dinamarca garante um lugar direto nos Jogos. Já o Brasil, com o fim do sonho do bicampeonato, mira suas atenções para a preparação olímpica. Como é cidade-sede, o time de Morten Soubak já está classificado.
O JOGO
Pela primeira vez no Mundial, o Brasil teve uma grande torcida contra nas arquibancadas. Os romenos vieram em peso torcer pela sua seleção, que saiu na frente com Bradeanu. Com um minuto, Neagu derrubou Deonise e levou suspensão de um minuto. Lá atrás, Ungureanu fechava e, com três minutos, o jogo ainda tinha 1 a 0 para a Romênia. Do outro lado, Babi deu o troco na mesma moeda. Ana Paula, aos cinco, marcou o primeiro da seleção brasileira: 1 a 1. Dara, aos oito, virou em contra-ataque. Em outro tiro de sete metros, a Romênia mantinha a ponta por 3 a 2 aos 11 minutos. Em passe errado de Ana Paula, as romenas saíram no contra-ataque e fizeram 5 a 3. No erro da Romênia, que jogava com goleira-linha, Babi chutou do seu gol e empatou: 5 a 5, aos 15.
Com 20 minutos, as rivais do Brasil tinham 9 a 6 e começavam a complicar após o gol de Neagu. Aos 22, com um gol de cada lado, a vantagem ainda era de três para as romenas. Com dificuldade para fazer gols, a seleção chegou aos 25 minutos perdendo por 11 a 7, vantagem contra que ainda não tinha experimentado neste Mundial. Célia, ao vir do banco, teve sete metros defendido por Ungureanu. No fim da primeira etapa, o placar era de 13 a 8 para a Romênia, com gol no último segundo.
A seleção voltou para o segundo tempo precisando buscar logo o placar. Aos dois minutos, a Romênia tinha 14 a 10. Ana Paula, aos três, diminuiu. Ungureanu seguia um paredão, e parou bola de Duda com o jogo em 15 a 12, aos seis. Na raça e novamente com Duda, a seleção trouxe para 15 a 13. Ardean, em seguida, levou dois minutos de suspensão. Com dez minutos de jogo, a seleção brasileira estava novamente na partida, mas ainda perdia: 17 a 15. Ao perder Dani Piedade suspensa por dois minutos, o Brasil deixou a Romênia abrir de novo, colocando 20 a 15.
Buscando nova reação, o Brasil conseguiu diminuir para 20 a 17, mas aos 17 minutos foi a vez de perder Deonise por dois minutos, suspensa. Duda, de longe, colocou 20 a 18, mas a seleção a perdeu um minuto depois, também suspensa por dois minutos. A tensão aumentava, e os nervos ficavam à flor da pele dentro de quadra. Aos 26, Ungureanu fez mais duas defesas impressionantes e, na frente, a Romênia ampliou: 22 a 19. Fernanda, apenas no segundo gol de contra-ataque da seleção, trouxe para 22 a 20. Em outra boa defesa, o Brasil colocou 22 a 21 com Dara por cobertura. No sete metros de Neagu, faltando dois minutos, as oponentes mais uma vez abriram dois gols. Na falha de ataque, Nechita fez 24 a 21. Ana Paula diminuiu de novo, fazendo 24 a 22, mas já era tarde. O sonho do bicampeonato havia acabado.
Fonte: Globo Esporte