Nesta terça-feira (9), uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira, Rita Lee, faleceu aos 75 anos. A artista vinha lutando contra um câncer de pulmão, diagnosticado em 2021, e fazia tratamentos contra a doença. Rita Lee foi referência de criatividade e independência feminina durante os quase 60 anos de sua carreira. Ela ajudou a incorporar a revolução do rock à explosão criativa do tropicalismo, formou a banda brasileira de rock mais cultuada no mundo, os Mutantes, e criou canções na carreira solo com enorme apelo popular sem perder a liberdade e a irreverência.
Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. Seu pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. Sua mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs. Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.
Em 1964 ela entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers, que deu origem aos Mutantes em 1966, com Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. O grupo foi fundamental no tropicalismo, ao unir a psicodelia aos ritmos locais, e se tornaram o grupo brasileiro com maior reconhecimento entre músicos de rock do mundo. Os Mutantes também participaram do álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”, de 1968, a gravação fundamental do movimento.
Ela fez parte dos Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972, gravando seis álbuns. O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saída dela dos Mutantes, e ela deu início à carreira solo, lançando o álbum “Build up” em 1970, ainda antes de deixar a banda. A partir de 1979, ela começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho e se firmou de vez na carreira solo, escrevendo e gravando canções de pop-rock com grande sucesso.
Entre os álbuns mais bem-sucedidos estiveram “Rita Lee” (1979), com “Mania de Você”, “Chega mais” e “Doce Vampiro”, e o disco de mesmo título, lançado em 1980, que apresentou sucessos como “Lança perfume” e “Baila comigo”. Ela foi uma roqueira popular antes e depois de o gênero se tornar um fenômeno comercial no Brasil em meados dos anos 80.
Rita Lee sempre foi uma artista ativa, lançando novos trabalhos até o fim de sua carreira, sendo sua última música lançada, “Change”, em 2020. Sua irreverência e independência, somadas à qualidade de suas músicas e seu impacto na cultura brasileira e mundial, a tornam uma artista inesquecível.