Nos próximos dias 19 a 24 deste mês, cinco equipes formadas por estudantes de universidades públicas brasileiras embarcarão em uma jornada desafiadora rumo à Spaceport America Cup, a maior competição de foguetes e satélites do mundo. O evento ocorrerá em três cidades do estado do Novo México, nos Estados Unidos, e contará com a participação de 158 times provenientes de 24 países diferentes.
As instituições brasileiras representadas nessa competição de alto nível são a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UnB).
A Spaceport America Cup é dividida em seis categorias, levando em consideração o tipo de motor utilizado (comercial ou desenvolvido pela própria equipe) e a distância alcançada pelo foguete. As equipes brasileiras Minerva Rockets e Sats (UFRJ), GFRJ (UERJ) e Kosmos Rocketry (UFSC) competirão na categoria de foguetes com motor sólido de desenvolvimento próprio, capazes de atingir 3 quilômetros de altura. Já as equipes Capital Rocket (UnB) e Projeto Jupiter (USP) participarão da categoria de foguetes com motor híbrido/líquido também de desenvolvimento próprio, que alcançam a mesma altura.
A presidente da equipe Minerva Rocket e Sats, Júlia Siqueira, estudante de Astronomia de 26 anos, expressou seu orgulho em fazer parte dessa competição de destaque. Fundada em 2016, a equipe da UFRJ estará competindo com o foguete Aurora, medindo 3 metros e 10 centímetros, além de um nanossatélite para experimentos astrobiológicos chamado MicrobioSat. Segundo Júlia, a equipe é responsável por desenvolver toda a estrutura e os componentes eletrônicos, um processo complexo que desafia as habilidades dos estudantes.
Júlia, que estudou em escolas públicas durante toda a sua vida, destacou a oportunidade de ingressar em uma universidade federal e participar do desenvolvimento de foguetes. Ela enfatizou que qualquer pessoa interessada pode se envolver nessa área, não sendo necessário ser um gênio para contribuir. A competição também oferece a oportunidade de apresentar projetos para as maiores empresas aeroespaciais do mundo, competindo de igual para igual com grandes universidades, como o MIT, Stanford e Columbia.
A presidente da Minerva Rocket e Sats ressaltou que a equipe é multidisciplinar, já que a UFRJ não oferece um curso de engenharia aeroespacial. Com participantes de áreas que vão desde a administração até a eletrônica, o grupo traz um diferencial para a competição. Além do desenvolvimento dos foguetes, os estudantes precisam equilibrar suas vidas pessoais, os estudos na universidade e atividades como iniciação científica e estágios profissionais. Essa rotina intensa proporciona um conhecimento que transcende o ambiente acadêmico.
Para Júlia, o que é realizado no contexto da competição modifica as pessoas. A experiência proporciona uma nova perspectiva sobre responsabilidade, compromisso, dedicação e resolução de problemas. O desenvolvimento de tecnologia complexa, de forma acessível, no ambiente universitário, revela possibilidades surpreendentes. A equipe não está apenas criando brinquedos, mas sim desenvolvendo tecnologia real e impactante.