A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou fevereiro de 2025 em 1,31%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o maior índice para o mês desde 2003, quando o indicador registrou 1,57%. O acumulado de 12 meses chegou a 5,06%, ultrapassando o teto da meta do governo, que é de 4,5%.
Desde o início deste ano, a meta de inflação passou a ser avaliada com base nos 12 meses imediatamente anteriores, e não apenas no fechamento do ano. Com o resultado de fevereiro, este é o segundo mês consecutivo em que o IPCA supera o limite de tolerância.
Energia elétrica puxa alta do IPCA
O principal fator que pressionou a inflação em fevereiro foi a alta de 16,8% na energia elétrica residencial, o que gerou um impacto de 0,56 ponto percentual no índice. Esse aumento se deve ao fim do Bônus Itaipu, um desconto concedido na conta de luz em janeiro que havia reduzido a inflação daquele mês para 0,16%.
A influência da energia também foi percebida no grupo habitação, que passou de -3,08% em janeiro para uma alta de 4,44% em fevereiro, exercendo o maior impacto inflacionário do mês (0,65 ponto percentual). De acordo com Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, sem esse efeito, a inflação de fevereiro teria sido de 0,78%.
Mensalidades escolares também pressionam
Outro fator relevante para a inflação de fevereiro foi o reajuste das mensalidades escolares, que impactaram o grupo educação, com alta de 4,7% e contribuição de 0,28 ponto percentual no índice geral. O ensino fundamental registrou aumento de 7,51%, seguido pelo ensino médio (7,27%) e a pré-escola (7,02%).
Alimentos sobem menos, mas continuam caros
Os preços dos alimentos desaceleraram em relação a janeiro, mas ainda tiveram alta de 0,70%, contribuindo com 0,15 ponto percentual para o IPCA. Destaque para o café moído, que subiu 10,77%, e os ovos de galinha, com aumento de 15,39%, influenciados pela maior demanda e dificuldades na produção devido ao calor.
No acumulado de 12 meses, o preço do café já subiu 66,18%.
Combustíveis impactam transportes
O grupo transportes teve alta de 0,61%, abaixo dos 1,30% registrados em janeiro. A alta dos combustíveis, impulsionada pelo reajuste do ICMS, foi um dos principais responsáveis. A gasolina subiu 2,78%, representando impacto de 0,14 ponto percentual, enquanto o óleo diesel aumentou 4,35% e o etanol, 3,62%.
Difusão da inflação
O índice de difusão do IPCA, que mede a quantidade de itens com alta de preço, foi de 61% em fevereiro. Isso significa que mais da metade dos 377 subitens pesquisados pelo IBGE apresentaram aumento. Esse percentual vem caindo desde dezembro, quando era de 69%.
Principais altas e quedas de preços
Entre os itens que mais subiram em fevereiro, destacam-se:
- Energia elétrica residencial: +16,80% (0,56 p.p.)
- Gasolina: +2,78% (0,14 p.p.)
- Ensino fundamental: +7,51% (0,12 p.p.)
- Ensino superior: +4,11% (0,07 p.p.)
- Café moído: +10,77% (0,06 p.p.)
- Ovo de galinha: +15,39% (0,04 p.p.)
Já os produtos e serviços que mais caíram de preço foram:
- Passagens aéreas: -20,46% (-0,16 p.p.)
- Cinema, teatro e concertos: -6,96% (-0,03 p.p.)
- Arroz: -1,61% (-0,01 p.p.)
- Leite longa vida: -1,04% (-0,01 p.p.)
Como o IPCA é calculado
O IPCA mede a inflação para famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. Os preços são coletados em 12 regiões metropolitanas e capitais do país, refletindo o custo de vida da população.