O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e indicou mais duas altas da mesma magnitude nas próximas reuniões. A decisão foi recebida com críticas por parte do setor produtivo, entidades sindicais e políticos, que temem os impactos negativos da medida sobre o emprego e a recuperação da economia.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a decisão do Banco Central (BC) como “incompreensível” e “injustificada”, especialmente após a queda da inflação em novembro e o anúncio do pacote de corte de gastos do governo. A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também criticou a medida, afirmando que ela prejudica a produção e o consumo.
“Aumentar os juros desestimula o investimento e impede a expansão da capacidade produtiva, além de afetar diretamente o consumo”, afirmou Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), por outro lado, não criticou a decisão, considerando-a justificada diante das incertezas econômicas e da desancoragem das expectativas de inflação.
No campo político, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou duramente a decisão do Copom, classificando-a como “irresponsável, insana e desastrosa”. Para ela, o BC ignora o esforço do governo em cortar gastos e a alta dos juros prejudicará a recuperação econômica.
As centrais sindicais também se manifestaram contra a elevação da Selic. A CUT classificou a decisão como um erro e afirmou que Campos Neto termina seu mandato “colecionando prejuízos ao país”. A Força Sindical considerou o aumento dos juros “um remédio errado e desnecessário”.
O Copom justificou a elevação da Selic acima do previsto pelas incertezas no cenário externo e pelos ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo. O órgão informou que elevará a taxa Selic em 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões, em janeiro e março, caso os cenários se confirmem. Os próximos encontros serão comandados pelo futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo.