O Governo do Ceará, por meio do Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos, divulgou nesta quinta-feira (1) o balanço da quadra chuvosa de 2023. Gestores da Funceme, Cogerh e Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) apresentaram um cenário promissor em termos de aporte hídrico aos reservatórios, comparado aos anos anteriores.
Com um volume atual de 9,49 bilhões de metros cúbicos, distribuídos em 157 reservatórios estratégicos monitorados pela Cogerh, o estado registra a maior reserva armazenada desde dezembro de 2012. No início do ano, o percentual volumétrico era de 31,4%, segundo o Portal Hidrológico. A boa notícia é resultado de chuvas acima da média em todo o Ceará, conforme previsto pela Funceme. Os meses de março e abril foram especialmente favoráveis, com chuvas concentradas acima da média histórica, resultando em uma recarga expressiva nos açudes.
A recuperação mais expressiva ocorreu na Bacia do Banabuiú, no Sertão Central, que passou de uma condição “muito crítica” para “em alerta”. Com um aporte de cerca de 1,3 bilhão de metros cúbicos, essa foi a maior recarga registrada entre todas as bacias do estado. Os açudes nessa região apresentaram melhorias significativas, garantindo o abastecimento das cidades de Boa Viagem, Senador Pompeu e Quixeramobim até o fim da próxima quadra chuvosa.
Outras regiões do estado também tiveram recargas satisfatórias, como as bacias do Acaraú, Coreaú, Litoral, Região Metropolitana, Baixo Jaguaribe e Serra da Ibiapaba, que estão em situação “muito confortável” com volumes acima de 70%. As regiões do Salgado (Cariri) e Alto Jaguaribe (Centro-Sul) encontram-se na zona “confortável”, com mais de 50% de reserva hídrica acumulada. Já as regiões do Curu, Sertões de Crateús e Médio Jaguaribe estão em estado de “alerta”, com volume entre 30% a 50%.
Durante a quadra chuvosa de 2023, o Ceará registrou a sangria de 71 açudes, um número não visto desde 2009. Os meses com maiores aportes foram março, abril e maio, sendo que abril apresentou o maior aporte do ano, com 3,25 bilhões de metros cúbicos.
Os três maiores açudes cearenses – Castanhão, Orós e Banabuiú – também tiveram uma recuperação expressiva, alcançando os maiores níveis dos últimos anos. O Açude Orós, por exemplo, saiu de 4,7% de volume no início de 2020 para 67,5%, o melhor número desde 2013. O Açude Banabuiú, que chegou a estar quase seco entre 2015 e 2018, subiu de 9% para 41% de volume. O Gigante Castanhão, que registrou apenas 2,1% de volume em 2018, agora está em 32%, o maior percentual desde 2014.
Apesar da perspectiva positiva, é necessário cautela devido à condição semiárida da região e à possibilidade de ocorrência do fenômeno El Niño, conforme indicado pela Funceme. O Estado planeja a operação dos reservatórios com base nos volumes registrados ao final da quadra chuvosa, por meio de alocações negociadas de água. Essa medida visa garantir uma gestão segura dos recursos hídricos, atendendo às demandas prioritárias estabelecidas pela legislação.
A recuperação dos reservatórios representa um alívio para o Ceará, que enfrentou uma década de insegurança hídrica devido à prolongada estiagem. No entanto, é fundamental manter uma administração cuidadosa dos recursos hídricos e estar preparado para enfrentar possíveis desafios futuros.