Chegado o fim da quadra chuvosa no Ceará, os reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) contabilizam volume de total de 7,10 bilhões de metros cúbicos, valor que representa 38% da capacidade total de armazenamento de açudes estratégicos do Estado. O secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, avalia o cenário como um dos melhores dos últimos anos. “Como a Funceme previu as chuvas se concentraram dentro da média, inclusive continuando no mês de junho e aportando ainda os reservatórios e aumentando as sangrias. Comparando com os momentos críticos que vivemos nas grandes secas, que se estabeleceu entre 2021 e 2017, onde chegamos a 7% das reservas hídricas hoje atingimos o índice de quase 39% de aporte, apesar da irregularidade espacial da oferta.”
Teixeira ainda reforça a importância do macro sistema da Região Metropolitana de Fortaleza ter atingido o seu nível máximo. “Esse foi um fato muito relevante. Com isso suspendemos o estado de escassez hídrica na Região Metropolitana, o que retirou a cobrança da Tarifa de Contingência, pela Cagece, e Tarifa de Contingência das Termelétricas, pela Cogerh”.
A situação hídrica é mais confortável hoje se comparada a anos anteriores. Desde 2013 o volume total dos açudes cearenses não atingia tal marca, registrando baixos aportes sucessivos nos anos subsequentes. O Açude Orós, um dos maiores do Estado, chegou a quase 50% de aporte, o maior número desde o ano de 2014.
A quadra chuvosa termina com 39 açudes sangrando e 12 açudes com + de 90% de aporte.
Para o diretor presidente da Cogerh, João Lúcio Farias, o panorama traz certa tranquilidade, mas ainda inspira cuidados, principalmente nas regiões onde os aportes não foram expressivos, como é o caso da Bacia do Banabuiú, localizado na região do Sertão Central, da Bacia do Médio Jaguaribe, onde está o Açude Castanhão, o maior do Estado, e da Bacia dos Sertões de Crateús, que vinha de uma série histórica de uma década de estiagem.
Segundo levantamento realizado pelo setor de monitoramento da Cogerh, só em maio deste ano foram contabilizados 0,71 bilhões de m³, valor superior a maio de 2021, quando os números foram de 0,54 bilhões. A boa recarga trouxe conforto, por exemplo, para o microssistema que abastece Fortaleza e região metropolitana. Registrando 100% da capacidade total de armazenamento, os açudes Pacoti, Pacajus, Riachão, Gavião e Aracoiaba dão,hoje, autonomia de água para a Região Metropolitana de Fortaleza, sem necessidade de transferência das águas do açude Castanhão.
Além das Bacias Metropolitanas, as bacias do Litoral, Acaraú, Coreaú – todas na porção noroeste – também registraram acumulados expressivos. A bacia do Salgado, na porção sul do Ceará, obteve bons acumulados após a quadra chuvosa de 2022, registrando 59% de volume.
A quadra chuvosa deste ano também possibilitou a recuperação parcial do Açude Castanhão. O reservatório hoje registra marca de 23% de volume, quando no início do ano marcava pouco mais de 8%. A Cogerh, em conjunto com o sistema de Recursos Hídricos do Estado e Comitês de Bacias, se prepara agora para a Alocação Negociada de Água, momento em que será definida a gestão das águas dos reservatórios para os diferentes usos: abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação e indústria.
Clima semiárido
Conforme explicou João Lúcio Farias, apesar do cenário confortável em algumas regiões, existe sempre a necessidade de seguir com o uso responsável da água. “Vivemos numa região semiárida e sempre temos a incerteza da próxima quadra chuvosa. Por isso, devemos manter o uso diligente da água, priorizando seu uso e usando com total responsabilidade”, comentou.