Nesta terça-feira (27), a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) deflagrou a Operação Dark Room (Quarto Escuro), resultando na apreensão de dois adolescentes acusados de estupros, indução à automutilação e ao suicídio através do Discord. Um dos apreendidos, considerado líder do grupo, tem 17 anos de idade.
A ação policial ocorreu em Pedra de Guaratiba, zona oeste da capital fluminense, e no município de Volta Redonda, região do Médio Paraíba fluminense. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, resultando na apreensão de aparelhos eletrônicos.
As investigações tiveram início em março deste ano, após compartilhamento de dados de inteligência com a Polícia Federal e polícias civis de diversos estados. Durante a apuração, a equipe da DCAV constatou os crimes cometidos por jovens e adolescentes na plataforma Discord, um aplicativo de comunicação utilizado por usuários com interesses em comum, popular entre os jovens.
O Discord, inicialmente concebido para a comunidade gamer, tornou-se uma ferramenta utilizada por um grupo criminoso formado por jovens de diversas regiões do país. A plataforma foi utilizada para a prática de atos de violência contra animais e adolescentes, além da divulgação de conteúdo relacionado à pedofilia, zoofilia, racismo e nazismo.
Segundo informações da Polícia Civil, vídeos obtidos durante as investigações mostram animais sendo mutilados e sacrificados como parte de desafios impostos pelos líderes do grupo. Esses desafios eram utilizados como forma de conceder cargos e privilégios aos membros. A maioria das ações era transmitida ao vivo em chamadas de vídeo para os integrantes.
Os líderes do grupo também chantageavam e constrangiam adolescentes, forçando-as a se tornarem escravas sexuais. Esses “estupros virtuais” eram transmitidos ao vivo pela internet, enquanto as vítimas eram humilhadas, xingadas e coagidas a se automutilar.
As investigações revelaram que as vítimas, provenientes de diversas regiões do Brasil, eram selecionadas dentro da própria plataforma Discord. Os criminosos buscavam perfis abertos nas redes sociais ou recebiam indicações de membros do grupo. Com posse de dados pessoais das vítimas, os investigados iniciavam um processo de chantagem, ameaçando divulgar fotos comprometedoras ou enviá-las aos pais das vítimas.