O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, convocou uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (15) para comentar sobre a rara e ampla interrupção no fornecimento de energia elétrica ocorrida no início do dia em todas as regiões do país. Durante a entrevista, Silveira anunciou medidas imediatas para esclarecer as causas desse evento sem precedentes, que afetou cerca de 27 milhões de pessoas, correspondendo a um terço dos consumidores brasileiros.
“Tenho absoluta convicção de que o ONS, até pela sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo”, afirmou o ministro. Ele destacou que, dado o caráter estratégico e sensível do setor energético, é crucial investigar minuciosamente todas as possíveis causas do incidente.
Além das apurações internas conduzidas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o ministro revelou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública foi acionado para que a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também se juntem às investigações.
O governo já identificou que houve uma sobrecarga em uma linha de transmissão de energia no Ceará, o que levou ao colapso nas regiões Norte e Nordeste. O ONS agiu rapidamente, modulando a carga para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste como medida de proteção, resultando em uma redução de energia nessas áreas. A interrupção total atingiu pelo menos 16 mil megawatts (MW).
Segundo Silveira, ainda está sendo avaliado se houve outro evento simultâneo em algum outro local do país. “O único evento confirmado é o do Ceará. Ainda não há informações sobre outro evento apontado pelo ONS, mas é razoável presumir que um segundo evento tenha ocorrido, causando essa interrupção de magnitude”, explicou o ministro.
Ele também ressaltou que o sistema de energia do país é redundante e robusto, o que torna a ocorrência de uma interrupção dessa magnitude ainda mais surpreendente. Silveira mencionou os ataques a torres de transmissão de energia registrados anteriormente no ano, demonstrando a importância de investigações detalhadas para garantir a segurança do sistema energético.
“Nossa expectativa é que, dentro de 48 horas, o ONS apresente conclusões sobre o que causou essa interrupção”, destacou Silveira.
Apesar do impacto significativo nas regiões afetadas, o ministro enfatizou que a ocorrência não tem relação com o suprimento e a segurança energética do Brasil, uma vez que os reservatórios estão em um estado de abundância. Ele citou exemplos recentes de exportação de energia para a Argentina como evidência da solidez do sistema.
No final da coletiva, o ministro fez críticas à privatização da Eletrobras, ponderando sobre a necessidade de uma presença ativa do Estado em setores críticos como saúde, segurança, educação e energia. Ele ressaltou que não é possível afirmar, de maneira direta, uma conexão entre a interrupção e a privatização da Eletrobras, mas reforçou sua posição de que um setor tão vital quanto o energético exige um papel forte do governo.