A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação sobre a morte trágica da estudante de enfermagem Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, durante uma abordagem realizada por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na noite de sábado (17). O incidente ocorreu na Rodovia Washington Luiz (BR-040), em Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro.
Segundo a PRF, a vítima foi atingida por disparos efetuados pela equipe no local, após um acompanhamento tático a um veículo suspeito em fuga. A mulher foi prontamente socorrida pelos policiais, mas acabou falecendo na madrugada de domingo no Hospital Getúlio Vargas, localizado na Penha, no Rio.
No entanto, a família de Anne contesta a versão apresentada pela PRF e afirma que o marido da estudante, Alexandre Melo, obedeceu à ordem dos policiais e parou o carro. Mesmo assim, o casal foi alvo de dez disparos efetuados pela equipe policial.
A Polícia Rodoviária Federal encaminhou o caso à Polícia Federal, e o policial responsável pelos disparos aguarda uma audiência de custódia para decidir se permanecerá preso. O nome do policial ainda não foi divulgado.
A corregedoria da PRF está acompanhando as investigações e iniciou um procedimento interno de apuração. O agente em questão foi afastado temporariamente de suas atividades operacionais e permanece à disposição da justiça, conforme comunicado emitido pela PRF.
Além disso, uma outra vítima, identificada como Maria Cláudia dos Santos, de 54 anos, encontra-se internada no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Segundo seu marido, José Vitório dos Santos, o casal também foi alvo de um tiroteio no mesmo local, resultando no ferimento de Maria Cláudia no tórax.
A PRF informou que, de acordo com o registro feito na Polícia Federal e as declarações dos policiais, apenas uma mulher baleada foi identificada no local. No entanto, a Polícia Federal também investigará para apurar se houve outras vítimas durante a abordagem.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que estava no Rio para assinar um termo de cooperação com o governador Cláudio Castro para fortalecer a segurança pública no estado, expressou sua oposição ao uso imoderado ou inadequado da força policial. Ele afirmou que o caso está sendo investigado para que todos os fatos sejam esclarecidos.
O ministro ressaltou que a decisão sobre o agente da PRF será tomada quando o processo de apuração estiver concluído. No entanto, ele garantiu que a orientação é enfatizar na corporação que o uso da força é legítimo, desde que seja proporcional à situação. Quando o uso da força se torna desproporcional e desnecessário, o que inicialmente era legítimo se torna ilegítimo, destacou o ministro.
Flávio Dino também mencionou que o Brasil e outros países fronteiriços enfrentam uma situação que demanda uma presença mais forte das autoridades governamentais e policiais, devido à ampliação do poder das organizações criminosas. Ele informou que a Polícia Federal apreendeu cerca de duas mil armas em Nova Iguaçu, no Rio, que estavam sendo direcionadas para atividades ilegais.
O ministro expressou solidariedade às famílias envolvidas nesse tipo de incidente, incluindo as famílias dos policiais feridos em ação. Ele mencionou que está estudando a possibilidade de premiar as famílias ou os próprios policiais que sofram lesões corporais ou homicídios no cumprimento do dever, a fim de apoiá-los e reconhecê-los quando agirem corretamente. O objetivo é garantir maior legitimidade para punir aqueles que agem de forma inadequada.
Diante desse contexto, as autoridades estão empenhadas em investigar os fatos, esclarecer as circunstâncias da abordagem policial e garantir que a força seja utilizada de acordo com a lei, evitando tragédias e abusos.