As forças israelenses ampliaram sua ofensiva militar contra os militantes do Hezbollah no Líbano nesta segunda-feira (14), atingindo novas áreas e provocando a morte de pelo menos 21 pessoas em um ataque aéreo no norte do país, segundo autoridades de saúde do Líbano. O bombardeio ocorreu na cidade de Aitou, uma localidade de maioria cristã no norte do Líbano, em uma casa alugada por famílias deslocadas. O prefeito da cidade, Joseph Trad, confirmou os detalhes à agência de notícias Reuters.
Além das mortes, oito pessoas ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde libanês. Equipes de resgate trabalharam nos escombros, onde veículos queimados e árvores destruídas podiam ser vistos, ilustrando o cenário de devastação deixado pelo ataque.
Esse bombardeio em Aitou marca uma mudança na estratégia de Israel, que antes concentrava suas operações militares no sul do Líbano, no Vale do Bekaa, no leste, e nos subúrbios de Beirute. Em resposta ao crescente conflito, Israel ordenou que os residentes de 25 vilarejos no sul do Líbano evacuassem para áreas mais ao norte, além do rio Awali, que fica a cerca de 60 quilômetros da fronteira israelense.
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Durante uma visita a uma base militar israelense no centro de Israel, onde quatro soldados foram mortos no domingo por um ataque de drone do Hezbollah, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu continuar os ataques contra o grupo militante apoiado pelo Irã “sem piedade, em qualquer lugar do Líbano, incluindo Beirute”.
Civis fogem do Líbano
No posto fronteiriço de Masnaa, que liga o Líbano à Síria, famílias inteiras tentavam deixar o país. Jalal Ferhat e sua esposa Amal Tefayeli, junto com seus cinco filhos, estavam entre aqueles que descarregavam pertences dos ônibus na esperança de escapar da violência. Ferhat, de 40 anos, morador de Baalbek, reduto do Hezbollah no leste do Líbano, relatou que os bombardeios atingiram sua vizinhança, deixando a área inabitável para seus filhos.
Enquanto isso, em Israel, sirenes de alerta soaram no centro do país, levando milhares de residentes a buscar abrigo. O exército israelense informou que três projéteis disparados do Líbano foram interceptados, sem relatos de feridos.
Escalada do conflito com o Hezbollah
O conflito entre Israel e o Hezbollah, que se intensificou há um ano após o início da guerra de Gaza, continua a escalar. Desde então, mais de 2.309 pessoas foram mortas em ataques aéreos israelenses no Líbano, segundo números do governo libanês, com a maioria das mortes ocorrendo desde o final de setembro, quando Israel expandiu sua campanha militar.
As forças israelenses afirmam que suas operações no Líbano têm como objetivo garantir a segurança de milhares de israelenses deslocados no norte do país, forçados a sair de suas casas devido aos ataques do Hezbollah.
Tensão com pacificadores da ONU
À medida que as forças israelenses avançam no sul do Líbano, os atritos com a força de paz da ONU, a UNIFIL, também aumentam. No domingo, tanques israelenses teriam invadido uma base da UNIFIL, intensificando as tensões diplomáticas. Netanyahu negou que as forças israelenses tivessem como alvo deliberado os pacificadores e pediu que as tropas da ONU evacuassem temporariamente as áreas de combate próximas à fronteira.
O primeiro-ministro acusou o Hezbollah de usar as posições da UNIFIL como cobertura para ataques, incluindo o ataque de drone que matou quatro soldados israelenses no domingo. Ele lamentou qualquer dano às forças da ONU, mas reforçou que a melhor maneira de garantir sua segurança seria seguir os pedidos de Israel e sair das zonas de perigo.
No domingo, o exército israelense conduziu jornalistas estrangeiros a locais no sul do Líbano, onde mostrou evidências de túneis do Hezbollah e esconderijos de armas a apenas 200 metros de uma posição da UNIFIL. De acordo com o general de brigada Yiftach Norkin, o Hezbollah estava operando muito perto das forças da ONU, usando essas áreas para planejar ataques.
Preocupações internacionais
A crescente escalada do conflito também gerou preocupações internacionais. O Oriente Médio está em alerta máximo para uma possível retaliação israelense contra o Irã, depois que mísseis iranianos foram disparados em 1º de outubro em resposta aos ataques israelenses no Líbano.
Os Estados Unidos se comprometeram a apoiar Israel, enviando tropas e um avançado sistema antimísseis para o país. Além disso, a embaixada dos EUA no Líbano instou todos os cidadãos americanos a deixarem o país imediatamente, alertando que os voos de emergência não continuariam por muito tempo.