Em uma escalada de tensões na região, o Irã realizou ataques com mísseis e drones no território paquistanês, mirando supostas bases jihadistas que, segundo o governo iraniano, representam uma ameaça à segurança regional. No entanto, as ações resultaram em fortes críticas do Paquistão, que acusa o Irã de violar sua soberania e de ter causado a morte de duas crianças inocentes durante o ataque aéreo próximo à fronteira.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês confirmou o ocorrido nesta quarta-feira (17), classificando a ação como uma “violação inaceitável da soberania do Paquistão”. Em nota oficial, o governo de Islamabad alertou que tais atos podem acarretar consequências graves e convocou o embaixador iraniano no país para prestar explicações sobre a “violação não provocada do espaço aéreo”.
As autoridades paquistanesas expressaram preocupação com a natureza unilateral do ataque, ressaltando que ocorreu apesar da existência de canais de comunicação entre ambos os países. “O Paquistão sempre defendeu a ação coordenada contra o terrorismo, considerando-o uma ameaça comum à região. Esses atos unilaterais não estão em consonância com as boas relações de vizinhança e podem minar gravemente a confiança bilateral”, declarou a diplomacia paquistanesa.
Embora as autoridades iranianas não tenham reivindicado imediatamente a responsabilidade pelo ataque, a agência estatal Nour News relatou que a sede no Paquistão do grupo jihadista Jaish al-Adl foi destruída. Fundado em 2012 e considerado terrorista por Teerã, o grupo já atacou diversas vezes o solo iraniano, principalmente na região do Sistão-Baluchistão.
A região fronteiriça, habitada pela maioria da minoria étnica Baluchi, testemunha frequentes conflitos entre forças de segurança, rebeldes dessa minoria, grupos radicais sunitas e traficantes de drogas. Este recente episódio se desenrola em um contexto de crescente instabilidade no Oriente Médio, exemplificado pelos ataques iranianos anteriores no Iraque e na Síria, que ocorreram na esteira da complexa situação geopolítica na região.