Uma pesquisa inédita realizada pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) revela que mais de 489 mil brasileiros foram internados para tratar tromboses venosas entre janeiro de 2012 e agosto de 2023. Apenas nos oito primeiros meses deste ano, aproximadamente 165 pessoas foram hospitalizadas diariamente na rede pública de saúde para tratar esse problema preocupante.
O estudo, divulgado nesta segunda-feira (6), utilizou dados do Ministério da Saúde para destacar a importância da conscientização dos brasileiros sobre a saúde vascular e a adoção de medidas simples para prevenir essas condições. A trombose venosa, que ocorre quando coágulos de sangue se formam nas veias, principalmente nas pernas, pode levar a complicações graves, como a embolia pulmonar.
A trombose venosa pode se manifestar por meio de manchas avermelhadas ou arroxeadas na área afetada, acompanhadas de desconforto, dor e inchaço. Quando os coágulos se formam nas veias profundas, é chamado de trombose venosa profunda; nas veias superficiais, de tromboflebite superficial. Além disso, fatores como alterações na coagulação, imobilidade prolongada, lesões nos vasos sanguíneos, uso de anticoncepcionais, tabagismo e histórico familiar podem aumentar o risco de desenvolver tromboses venosas.
Os dados revelam um cenário preocupante em relação às internações por tromboses venosas no Brasil, com um aumento constante nos últimos anos. Em 2019, o país registrou o maior número de internações, com 45.216 casos. A região Sudeste lidera com 53% de todos os registros, enquanto o Norte notifica menos casos, com 25.193 internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A média diária de internações para tratamento de trombose venosa em 2023 atingiu um recorde histórico, ultrapassando 165 pacientes. Em 2019, o ano com mais internações no período analisado, a média foi de 126 pacientes.
São Paulo lidera a lista de estados com o maior número de internações para tratamento de tromboses venosas, com 131.446 casos registrados no banco de dados do SUS. Em seguida, aparecem Minas Gerais (77.823), Paraná (44.477) e Rio Grande do Sul (40.603). Os estados com menor número de internações são Roraima (485), Acre (1.087) e Tocantins (1.527).
Além da trombose venosa, a pesquisa também alerta para a ocorrência da embolia pulmonar, uma complicação grave que pode surgir se a trombose não for diagnosticada precocemente e tratada. Isso ocorre quando coágulos viajam pelas veias até os pulmões, bloqueando o fluxo sanguíneo e comprometendo a oxigenação. A falta de oxigenação em partes do pulmão pode levar à morte.
O levantamento revela que 122.047 brasileiros já foram internados para o tratamento de embolia pulmonar. O Sudeste lidera novamente com 56.065 registros, seguido pelo Sul (26.687), Nordeste (12.756), Centro-Oeste (7.907) e Norte (1.745). São Paulo é o estado com o maior número de internações, com 30.664 notificações, seguido por Minas Gerais (19.771), Rio Grande do Sul (9.542) e Paraná (7.707). Os estados com menor número de internações por embolia pulmonar são Amapá (52), Roraima (61) e Acre (69).
A pesquisa da SBACV destaca a importância da prevenção e da conscientização sobre os riscos de tromboses venosas e embolias pulmonares, enfatizando a necessidade de cuidados diários com a saúde vascular, como a prática de exercícios físicos e o controle do peso corporal, para evitar essas condições que podem ser fatais.