No início de setembro, 104 dos 141 pacientes submetidos a um mutirão de cirurgias de catarata no Amapá foram infectados por um fungo conhecido como Fusarium. A infecção, que resultou em casos raros de endoftalmite, provocou preocupações graves, com alguns pacientes relatando cegueira após os procedimentos. O programa, parte do “Mais Visão”, financiado por emendas parlamentares e operado por meio de convênio entre o estado e a organização Capuchinhos, teve início em 2020 e já atendeu a mais de 100 mil pacientes, com a maioria buscando tratamento para catarata.
A Secretaria de Saúde do Amapá esclareceu que os recursos federais são repassados para a entidade Capuchinhos, que, por sua vez, contrata uma empresa terceirizada para executar os procedimentos. A última transferência de recursos ocorreu em setembro. Embora o programa tenha tido sucesso em muitos casos, a descoberta das infecções levou os Capuchinhos a interromperem imediatamente os atendimentos após os primeiros relatos. Em 6 de outubro, o programa foi suspenso por completo.
O governo estadual também informou que está acompanhando de perto o suporte às famílias afetadas pela infecção, com a empresa responsável pelos procedimentos fornecendo serviços médicos 24 horas, medicação, transporte, deslocamento para outros estados e atendimento psicológico.
O Ministério Público do Amapá realizou uma reunião na semana passada para discutir o “incidente” no Programa Mais Visão. O governador do Amapá, Clécio Luis, a secretária de Saúde, Silvana Vedovelli, o procurador-geral do estado, Tiago Albuquerque, e a superintendente de Vigilância em Saúde, Ana Cláudia Monteiro, estiveram presentes no encontro, juntamente com representantes do Laboratório Central (Lacen), da Defensoria Pública do estado e dos Capuchinhos, além de diretores do Programa Mais Visão. A investigação está em andamento para esclarecer o que levou às infecções e garantir a assistência adequada aos pacientes afetados.