A situação de seca no estado do Amazonas atingiu níveis alarmantes, afetando diretamente a vida de 633 mil pessoas, conforme o último boletim emitido pela Defesa Civil estadual no domingo (22). Das 62 cidades que compõem o estado, impressionantes 59 encontram-se em situação de emergência devido à prolongada estiagem. Apenas os municípios de Presidente Figueiredo e Apuís mantêm-se em condição de normalidade, enquanto Canutama permanece em estado de alerta.
A dimensão do desafio é evidenciada pelo impacto em 158 mil famílias, que agora enfrentam as consequências da estiagem. Em resposta a essa crise, o governador Wilson Lima decretou situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado, a partir de setembro.
Os registros indicam que, no período de janeiro até 21 de outubro, o Amazonas contabilizou 17.691 focos de calor, com outubro já apresentando mais do que o dobro do número do mesmo período no ano anterior, atingindo 3.060 focos. Esse aumento exacerbado dos incêndios florestais agrava a situação e contribui para a seca sem precedentes na região.
A capital Manaus sofre as consequências mais severas, enfrentando a pior seca dos últimos 121 anos. A cota do Rio Negro, nesta segunda-feira, atingiu o alarmante nível de 12,89 metros, a menor marca registrada desde o início das medições em 1902. Em contraste, o recorde de altura, medido em junho de 2021, alcançou 30,02 metros.
O governo federal tem tomado medidas emergenciais para enfrentar essa crise, disponibilizando cerca de R$ 100 milhões para ações de dragagem em pontos críticos do rio, próximos às cidades de Itacoatiara e Manaus. Essas ações visam evitar o desabastecimento de itens básicos para a população da região, que totaliza aproximadamente 2,3 milhões de habitantes. Os órgãos competentes já iniciaram os procedimentos para a contratação emergencial da dragagem, prevendo seu início ainda na segunda quinzena de outubro.
Em uma iniciativa conjunta, a Marinha, o Exército e autoridades locais mobilizaram o Navio de Assistência Hospitalar Soares de Meirelles para distribuir mais de 6 mil cestas básicas e 1,1 mil caixas de água mineral em municípios da região do Alto Solimões. A ação começou em Tabatinga, próxima à fronteira com a Colômbia e o Peru, com o navio atuando como o principal meio de transporte para entregar suprimentos essenciais na região. O percurso abrange 1.350 quilômetros, incluindo municípios como Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins.
A seca no Amazonas exige uma resposta conjunta e imediata, com medidas de alívio, prevenção e apoio à população afetada, uma vez que a estiagem prolongada impõe desafios significativos à região.