No Brasil e em todo o mundo, a saúde mental tem se tornado uma preocupação cada vez mais urgente, especialmente entre os jovens. No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, este domingo (10), dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que mais de 700 mil pessoas tiram suas próprias vidas anualmente, com a possibilidade de alcançar 1 milhão de casos não registrados. No Brasil, aproximadamente 14 mil suicídios ocorrem todos os anos, uma média de 38 vidas perdidas por dia.
Especialistas apontam que a maioria desses casos está relacionada a transtornos mentais, como a depressão, e destacam que esses problemas estão surgindo cada vez mais cedo na vida dos jovens. Segundo o psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente, estudos indicam que 75% dos transtornos mentais em adultos começam antes dos 24 anos, e metade dos casos em adolescentes começa antes dos 14 anos. Isso ressalta a importância de identificar e tratar problemas de saúde mental precocemente.
Um dos fenômenos preocupantes é o aumento da autolesão entre os jovens. Um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) revelou que 83% dos casos de autolesão parecem estar relacionados a conflitos familiares não resolvidos, e a maioria está associada à depressão. Especialistas enfatizam que a autolesão é um pedido de ajuda e pode indicar que o adolescente está sofrendo devido a várias causas, incluindo bullying, abuso físico, sexual ou de substâncias, além de problemas de saúde mental não identificados.
A autolesão, que muitas vezes é escondida sob roupas de mangas compridas ou pulseiras, começa a se manifestar cada vez mais cedo, por volta dos 10 anos. É essencial que pais e professores estejam atentos a sinais como mudanças no comportamento, queda no rendimento escolar, isolamento social e lesões na pele. Os professores desempenham um papel crucial na identificação precoce desses problemas, e especialistas enfatizam a importância de treinamento em saúde mental para educadores.
No entanto, a conversa sobre saúde mental deve ser aberta e não julgadora. Segundo Ricardo Oliveira, psicólogo e sobrevivente de tentativas de suicídio, uma abordagem sensível e livre de estigmatização pode fazer toda a diferença. Setembro Amarelo, o mês de conscientização sobre prevenção ao suicídio, oferece uma oportunidade para escolas e pais debaterem a questão da saúde mental. O apoio psicológico nas escolas também está se tornando uma prioridade, com investimentos do Ministério da Saúde.
É essencial que todos os envolvidos – pais, professores e sociedade em geral – trabalhem juntos para promover a saúde mental dos jovens e criar um ambiente onde eles se sintam apoiados e compreendidos. A prevenção ao suicídio e à autolesão começa com a conscientização, o diálogo e o acesso a ajuda profissional quando necessário.
Para quem precisa de ajuda ou conhece alguém que precisa, existem diversos recursos disponíveis, incluindo o site mapasaudemental.com.br, projetos como o Bússola do Instituto Ame Sua Mente e o Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende pelo telefone 188 ou no site cvv.org.br. Além disso, centros de Atenção Psicossocial (CAPs), unidades básicas de Saúde (UBSs), unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estão disponíveis para prestar assistência em momentos de crise. A prevenção ao suicídio é uma responsabilidade coletiva que requer ações contínuas e apoio mútuo.