Nesta quinta-feira (20), o Governo do Ceará realizou um marco histórico ao lançar o primeiro concurso público destinado exclusivamente aos povos indígenas do estado. Com o objetivo de atender às demandas específicas das comunidades indígenas, o concurso irá selecionar 200 professores para atuarem nas escolas indígenas da rede estadual de ensino. A cerimônia de lançamento ocorreu na Aldeia Gameleira, pertencente ao Povo Tapuya Kariri, localizada em São Benedito.
A iniciativa, fruto da parceria entre a Secretaria da Educação (Seduc) e a Secretaria dos Povos Indígenas (Sepin), abrange um total de 14 etnias, contemplando os povos Anacé, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanindé, Kariri, Pitaguary, Potyguara, Tabajara, Tapeba, Tapuya Kariri, Tubiba Tapuya, Tupinambá e Tremembé.
Ao todo, o estado conta com 39 escolas indígenas distribuídas em diversos municípios, entre eles Acaraú, Aquiraz, Aratuba, Canindé, Caucaia, Crateús, Itapipoca, Itarema, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Novo Oriente, Pacatuba, Poranga, Quiterianópolis, São Benedito e Tamboril.
A valorização da cultura e conhecimentos ancestrais é um ponto essencial para a manutenção da identidade indígena. Maria do Socorro Rodrigues, pedagoga da Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa, pertencente ao Povo Tapuya Kariri, expressa sua satisfação e destaca a importância desse concurso específico. “O concurso público específico para professor indígena é uma luta do próprio movimento, dos nossos troncos velhos, e nós conseguimos através de muita luta, de muita resistência”, afirma.
O governador Elmano de Freitas reconhece a relevância das escolas indígenas como instrumentos de transmissão cultural e ressalta a significância desse passo histórico. “Eu tenho a absoluta segurança de que a decisão que estamos tomando é histórica, mesmo. Eu tenho muito orgulho de estar aqui para lançar esse edital ao lado de vocês”, declara o governador.
Além do conteúdo educacional convencional, as escolas indígenas também ensinam aos alunos a confecção de artesanatos tradicionais, como maracas, pinturas corporais e outros elementos fundamentais para a preservação da cultura ancestral. Mariel Mendes, aluno da Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa, pertencente aos povos Tapuya Kariri, destaca a importância dessas aprendizagens. “É legal aprender sobre os povos indígenas, sobre a nossa história. Eu acredito que isso é muito importante. Dentro da escola, a gente aprende a fazer cordões, cocás e pinturas indígenas”, ressalta.
O concurso será organizado e executado pela Fundação Universidade Estadual do Ceará (Funece), por meio da Comissão Executiva do Vestibular da Universidade Estadual do Ceará (CEV/Uece). As inscrições estarão abertas de 3 de setembro a 2 de outubro de 2023, e as vagas serão distribuídas por áreas de conhecimento para os anos iniciais do Ensino Fundamental e anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, abrangendo as áreas de Linguagens, Ciências da Natureza, Matemática e Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas.
Com essa iniciativa, o estado do Ceará avança na valorização e no reconhecimento da diversidade étnica e cultural, dando um importante passo rumo à construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, na qual os povos indígenas tenham suas necessidades e especificidades respeitadas e atendidas. O edital completo estará disponível a partir desta sexta-feira (21) no site indicado e representa uma oportunidade ímpar para que os indígenas do Ceará possam ocupar um papel fundamental na educação de suas próprias comunidades.