O Ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, destacou em suas redes sociais que 1.201 pessoas foram resgatadas de situações análogas à escravidão somente este ano. Os dados são do Radar SIT, painel de informações e estatísticas online mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2023, ocorreram resgates em 17 das 27 unidades federativas, sendo que 87,3% envolvem trabalho rural.
Goiás é o estado com o maior número de ocorrências, com 372 pessoas encontradas em situação análoga à escravidão desde o início de janeiro, seguido do Rio Grande do Sul, com 296 casos. O episódio das vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, em Bento Gonçalves (RS), onde 207 trabalhadores viviam em condições degradantes, gerou reações e pedidos de expropriação dessas terras.
Na análise da série histórica, os números parciais de 2023 são preocupantes, já que representam cerca de metade do total de resgates de 2022, ano com o maior número de ocorrências dos últimos dez anos. Entretanto, quando se amplia a análise para a série histórica, os últimos anos revelam uma queda, o que tem sido relacionado com a menor fiscalização ao longo dos últimos governos.
Especialistas temem que os casos cresçam diante da combinação entre a flexibilização das regras trabalhistas e o aumento da desigualdade social nos últimos anos. Desde 2016, com a reforma trabalhista, várias leis têm vindo para diminuir o patamar de proteção da classe trabalhadora, o que pode afetar a luta contra o trabalho escravo no país.