O Ceará terá seu projeto de CoastSnap. Trata-se de uma iniciativa criada na Austrália, que aqui será chamada de CoastSnap Ceará. O projeto chega ao Estado a partir da parceria entre projetos integrantes do Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente (Funcap/Sema/Semace), com a Universidade Estadual do Ceará (Uece), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Water Research Laboratory, da University of New South Wales (UNSW) de Sydney, Austrália.
A Uece está representada no projeto CoastSnap Ceará pelo Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica (LGCO/CCT/PROPGEO/Geografia), por meio dos professores Jáder Onofre de Morais e Davis Pereira de Paula, ambos integrantes do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PROPGEO/Uece).
Trata-se de um projeto de monitoramento comunitário de praias através da captura de imagens por usuários. O projeto se utiliza do fluxo de pessoas (cidadãos e turistas) que visitam pontos específicos da costa (comunidades/frequentadores) e aproveitam a oportunidade para capturar fotos do litoral em estruturas específicas (pontos de precisão). Após isso, os usuários compartilham nas redes sociais com as hashtags específicas do projeto e as fotos podem ser utilizadas para calcular as taxas de mudança na posição da linha de costa, como o avanço e recuo do mar.
O banco de dados do monitoramento poderá fornecer previsões sobre a resposta da praia frente às mudanças ambientais e às formas de uso e ocupação.
A ideia é que, nos próximos anos, todo o litoral do Ceará possa ser monitorado de forma inovadora e com baixíssimo custo com o apoio de todos. Essa abordagem é chamada de ciência cidadã e visa o engajamento popular para o cuidado com as praias e produção de dados científicos. Assim, políticas públicas podem ser executadas com maior precisão.
A estação piloto está localizada na Praia do Pacheco (#CoastsnapPacheco), município de Caucaia, ao lado do La Suite Praia Hotel, e faz parte dos trabalhos do aluno de Mestrado em Geografia do PROPGEO/Uece, Melvin Leisner, que é orientado pelo professor Davis Pereira de Paula, que também faz parte da Coordenação do Núcleo Costeiro do Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará.
“Essa é uma experiência de engajamento social em prol da construção da ciência, em que um clique com a câmera do seu celular, usando o suporte da estação de monitoramento, pode contribuir para a gestão de riscos costeiros”, destaca o docente e pesquisador.
Em um futuro próximo espera-se que todos os 20 municípios da Linha de Costa do Ceará tenham estações do CoastSnap Ceará.
O método permite o monitoramento das variações espaço-temporais da linha de costa através da utilização de fotografias que são capturadas a partir de estações instaladas em pontos específicos do litoral. Dessa maneira, o CoastSnap Ceará parte de uma proposta de monitoramento comunitário do litoral baseado em fotografias que são compartilhadas por diversos meios (facebook, instagram, twitter, whatsapp e e-mail) por munícipes e turistas que visitam as estações do projeto, o usuário pode ainda apontar a câmera do seu celular para os QR Codes presentes na placa e assim ser direcionado para os nossos meios de contato.
O projeto possibilita a interação entre comunidade acadêmica e a sociedade, permitindo a construção do conhecimento participativo e comunitário que elucidará a dinâmica ambiental dos trechos costeiros monitorados e encontra-se dentro do contexto do Plano Estadual de Monitoramento Contínuo da Linha de Costa que se encontra em desenvolvimento pela equipe de pesquisadores do PCM e do Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente (Funcap/Sema/Semace).
O envolvimento dos diferentes segmentos da sociedade permite a disseminação da ação de extensão da Uece, além de tornar explícita a relevância dos estudos que envolvem a dinâmica do litoral, variação da linha de costa e processos erosão e progradação. Além disso, a concepção do projeto está pautada na inserção de novos métodos de monitoramento do litoral para apoio a políticas públicas dos municípios e do Estado do Ceará, que reúnem dados com menor custo, sem prejuízos à qualidade das informações geradas.