Com o avanço da tecnologia e das facilidades que a Internet proporciona aos seus usuários, está cada vez mais fácil a realização de operações por meio do celular. Além da mobilidade, os usuários ganham tempo e têm a facilidade de acesso na palma da mão. Porém, é necessário que a população esteja atenta a possíveis crimes no ambiente digital que estão cada vez mais comuns nesses tempos de pandemia da Covid-19.
As ações criminosas deixaram de ser uma prática específica do espaço físico e passou a acontecer de forma cada vez mais constante no mundo virtual. Dessa forma, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) alerta a população sobre crimes de estelionato no ambiente digital. Os artifícios dos criminosos incluem o sequestro de dados, a retenção de contas em aplicativos de mensagens instantâneas e o envio de links maliciosos. É necessário ficar atento e rever constantemente os cuidados com a proteção digital.
Os casos de estelionato são reportados em Boletins de Ocorrências feitos em todas as delegacias do Estado, inclusive os feitos no site da Delegacia Eletrônica (Deletron), sem a necessidade de sair de casa para realizar o registro. As delegacias da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) investigam os crimes. Os mais recorrentes, segundo o titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), são os estelionatos e os furtos mediante fraude. A unidade é especializada em investigar casos em que o montante investigado seja equivalente ou superior a 80 salários mínimos.
“Parte dessas ocorrências são oriundas de outros estados, para onde são remetidas, em virtude do local de consumação do crime. Muitos golpes são aplicados aqui no Ceará. Nessa situação, a Polícia Civil encaminha para o estado de origem, repassando informações e atuando de forma conjunta para a elucidação do caso”, explica Andrade Júnior, titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da PCCE.
Ação dos criminosos
Em crimes de estelionato virtual, a vítima é induzida ao erro por achar que está favorecendo alguém a quem possua algum vínculo, quando, na verdade, está caindo em um golpe. Um dos crimes mais recorrentes nessa linha é a clonagem da conta de WhatsApp, em que o criminoso se passa pelo usuário da conta do aplicativo pedindo, por exemplo, para realizar transferências bancárias. Nesse caso, a PCCE orienta não repassar nenhum valor para terceiros sem antes se certificar pessoalmente ou por meio de uma ligação telefônica, por exemplo, que se trata da pessoa que entrou em contato com você.
Outro exemplo é quando criminosos estabelecem um relacionamento virtual, vindo a pedir fotos íntimas da vítima e depois fazem exigências, como a cobrança de valores em dinheiro, mediante ameaça de vazar os arquivos de cunho íntimo na internet. “Dessa forma, o ideal é proteger a imagem, não enviando conteúdo comprometedor a terceiros”, enfatiza Andrade Júnior.
Em casos de furtos mediante fraude, Andrade Júnior explica como acontece a abordagem às vítimas. “Os infratores clonam cartões, realizam compras em nome dela sem conhecimento ou consentimento. Em situações como essa, a PCCE orienta evitar passar dados pessoais para pessoas ou empresas desconhecidas; consultar avaliações; reputação do vendedor; não clicar em links ou fornecer senhas e códigos recebidos por meio de SMS (mensagem de texto). Outra dica importante é sobre a criação de senhas, por exemplo, utilizando letras maiúsculas e minúsculas, números, caracteres especiais para dificultar as tentativas de roubo de senhas. Evitar criar senhas com o próprio nome ou utilizando data de aniversários, embora seja fácil memorizá-las, para os criminosos é simples de identificar”, explica o delegado.
Em tempos de pandemia, em que a população está em isolamento social e muitos trabalhadores estão em home office (trabalho remoto), é comum que o uso da Internet seja frequente, no intuito de realizar transações bancárias, fazer compras e outros tipos de acessos que podem ser realizados remotamente. Contudo, o aumento da utilização das ferramentas digitais abre precedentes para que criminosos captem novas vítimas, ressalta Andrade Júnior.
Tipos de golpes
Crimes de estelionato no WhatsApp
A PCCE alerta, também, para possíveis casos de estelionato aplicados em vítimas que residem no Estado por meio de aplicativos de mensagens. Criminosos vêm aplicando golpes utilizando o meio digital enviando mensagens pelo WhatsApp para confirmação de códigos, e assim, se apropriarem do aplicativo das vítimas. Muitos utilizam perfis de instituições públicas ou privadas, como por exemplo, instituições financeiras ou de saúde, como meio de captar as vítimas.
A Polícia Civil orienta a população que intensifique a segurança no uso do aplicativo, por meio do recurso de verificação em duas etapas, disponível na plataforma WhatsApp. Dessa forma, os fraudadores não terão acesso direto à conta do usuário. A PCCE também alerta o cidadão para que não interaja de forma alguma com perfis suspeitos nem clique em links enviados por pessoas desconhecidas ou pessoas que não costumam ter o hábito de compartilhar links. Em alguns casos, a vítima pode ter seus dados e imagem utilizados indevidamente por suspeitos para realizar compras e aplicar golpes em nome da vítima.
O delegado explica ainda que, em razão da pandemia, crimes dessa natureza aumentam. “Para evitar ser mais uma vítima, ele sugere à população que realize a verificação em duas etapas no aplicativo WhatsApp, que não acessem sites não seguros; que verifiquem dados de boletos e que duvidem de ofertas fora da realidade”, ressalta.
Mensagens solicitando depósitos
A PCCE chama a atenção também ao receber qualquer mensagem com solicitação de transferência de valores para pagamento de contas, principalmente, enviadas por desconhecidos. Criminosos fazem esse pedido alegando que deve ser feito de forma rápida e urgente. Nessas situações deve-se entrar em contato com o telefone que aparece na mensagem, caso não consiga, tente entrar em contato com algum familiar, ou alguém que faça parte do mesmo ciclo, para se certificar da realidade da solicitação. Outra maneira de se certificar que o boleto é válido é entrar em contato com a instituição financeira ou com o estabelecimento que gerou o documento.
Certifique-se também do local da agência de destino. Isso pode ser feito de forma rápida e simples acessando qualquer buscador na internet e digitando o banco e número da agência. Muitas vezes criminosos utilizam agências de outros estados para ludibriar a atenção da vítima e garantir que a pessoa faça o pagamento apenas confirmando o nome da instituição financeira na hora de pagar o boleto.
Compras online
Nesses tempos de pandemia e distanciamento social, muitas pessoas fazem compras online por meio do e-commerce. A Polícia Civil reforça sobre os cuidados com páginas e anúncios de produtos nas redes sociais. Alguns golpistas copiam páginas de empresas e criam páginas falsas, com identidade visual semelhante, oferecendo produtos em promoção. É importante desconfiar dos redirecionamentos, devido aos sites oficiais das empresas não utilizarem desse tipo de ação com os clientes.
É importante conferir se a página é oficial. Certifique-se se o “carrinho de compras” está cheio e também o Protocolo de Transferência de Hipertexto Seguro (HTTPS), símbolo com o cadeado verde que aparece na barra de endereço. Esse é o certificado de segurança do site ou página. A sugestão é escolher pagamentos seguros por meio de gateway (plataformas de pagamento), como por exemplo Mercado Pago, PayPal, PagSeguro, dentre outros. Dessa forma, a vítima tem como contestar caso não receba a compra. Por isso, é importante evitar pagamentos por boletos ou transferências bancárias.
Leilões virtuais
Com o agravamento da crise sanitária da Covid-19, os leilões na Internet foram intensificados e o formato digital tem atraído cada vez mais pessoas. Porém, a atenção deve ser redobrada neste tipo de negociação ou caso venha ser o arrematante, para não ser vítima de um golpe, efetuando depósitos em contas criadas por estelionatários, exclusivamente para golpes.
É importante ler atentamente o edital, que deve constar o nome do leiloeiro e todas as informações, como registro na junta comercial, regras, valor inicial, tempo de duração e forma de pagamento do bem arrematado. Existem sites que auxiliam na pesquisa de leilões virtuais, de forma rápida e simples fornecem dados que darão segurança aos usuários. Também deve ser verificado se o site tem o domínio em “.com.br” ou “.lel.br”, domínios com características diferentes podem indicar golpes.
Além disso, cheque o período de pagamento. O arrematante tem pelo menos 24 horas para efetuar o pagamento. Neste espaço de tempo, devem ser checados os dados fornecidos, principalmente, a conta direcionada, e se certificar ainda sobre a agência de destino antes de realizar o depósito. Os golpistas direcionam números de agências sem existência para aplicar os golpes.
Orientação da Polícia Civil
A PCCE destaca que as vítimas de crimes dessa natureza podem registrar um Boletim de Ocorrência (BO), a qualquer hora do dia ou da noite, por meio da Delegacia Eletrônica (Deletron), no site http://www.delegaciaeletronica.ce.gov.br/beo/. A Deletron atende todo o Estado do Ceará. O crime de estelionato é aplicado para obtenção de vantagem ilícita da vítima. Pessoas que praticam esse tipo de crime podem pagar pena de até cinco anos de reclusão.
Saiba como denunciar
A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O sigilo e o anonimato são garantidos.